Josiane Thethê Andrade - Programa de Pós-Graduação em História ...
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e também cultural‖ (THOMPSON, 1987, p. 10). Nos seus estudos culturais sobre a<br />
classe camponesa e urbana, assim como as transformações operadas na Inglaterra<br />
do século XVIII, observou que a cultura popular po<strong>de</strong> ser inserida nos movimentos<br />
das classes trabalhadoras <strong>em</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus costumes ante as mudanças do<br />
mundo industrial mo<strong>de</strong>rno, o que ele chamou <strong>de</strong> ―economia moral da multidão‖<br />
(THOMPSON, 1998, p. 152), assumindo um nítido viés <strong>de</strong> luta <strong>de</strong> classes na <strong>de</strong>fesa<br />
<strong>de</strong> seus costumes que incluíam tanto condições <strong>de</strong> trabalho como festas, feiras, vida<br />
<strong>em</strong> tabernas e ritos sociais.<br />
Os diferentes pontos <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>monstram que, ainda hoje, é arriscado<br />
assumir conceitos cristalizados sobre cultura. Os teóricos mencionados e outros<br />
tantos revelavam que a cultura não po<strong>de</strong> ser reduzida a meros esqu<strong>em</strong>as, limitada<br />
<strong>em</strong> um conjunto <strong>de</strong> crenças e costumes. A cultura é permeada <strong>de</strong> representações,<br />
apropriações, simbologias, variando <strong>de</strong> acordo com experiências e vivências dos<br />
diferentes sujeitos históricos, lugares, espaços, relações econômicas, políticas e<br />
sociais. Cabendo àqueles que se <strong>de</strong>dicam ao estudo <strong>de</strong>ssa t<strong>em</strong>ática avaliar quais os<br />
melhores conceitos ou procedimentos a ser<strong>em</strong> adotados diante da vasta gama <strong>de</strong><br />
significações do termo.<br />
Em maior ou menor grau, esses autores contribuíram para essa pesquisa,<br />
<strong>em</strong>bora <strong>em</strong> suas obras as discussões a respeito da cultura se <strong>de</strong>batam com<br />
realida<strong>de</strong>s diversas e conceitos ímpares. Trabalha-se, aqui, então, com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />
cultura como uma ação tecida no dia-a-dia das relações sociais, permeando as<br />
práticas cotidianas dos indivíduos, conforme as contribuições conceituais e teóricas<br />
dos autores mencionados.<br />
Como já foi abordada anteriormente, a narrativa oral constitui a principal<br />
fonte usada no trabalho e, <strong>em</strong>bora não necessite que os documentos escritos ou<br />
imagens a sustent<strong>em</strong>, ela, por si só, já é uma evidência. Às vezes, para certas<br />
realida<strong>de</strong>s, espaços e lugares pesquisados, a fonte oral se torna essencial, uma vez<br />
que é capaz <strong>de</strong> ampliar a compreensão do contexto, produzir outras informações<br />
disponíveis apenas na m<strong>em</strong>ória das pessoas.<br />
Os <strong>de</strong>fensores do status da <strong>História</strong> Oral como disciplina, apesar <strong>de</strong><br />
inúmeras divergências entre eles sobre <strong>de</strong>terminados pontos teóricos, part<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />
uma i<strong>de</strong>ia fundamental: ―a história oral inaugurou técnicas específicas <strong>de</strong> pesquisa,<br />
procedimentos metodológicos singulares e um conjunto <strong>de</strong> procedimentos próprios‖<br />
(AMADO & FERREIRA, 1998, p. 13). Ainda na concepção <strong>de</strong> Janaina Amado e<br />
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