Josiane Thethê Andrade - Programa de Pós-Graduação em História ...
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A burrinha, o brinquedo <strong>de</strong> roda, entre tantas outras manifestações<br />
culturais ou festas populares da região, que não foram citadas, oportuniza, não só<br />
um momento <strong>de</strong> diversão que acaba quando termina a festa, mas permite<br />
compreen<strong>de</strong>r, como as formas <strong>de</strong> diversão do hom<strong>em</strong> do campo <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />
incluídas nas suas representações culturais, uma vez que se entrelaçam el<strong>em</strong>entos<br />
da vida cotidiana, como o trabalho na roça, as manifestações religiosas e o meio<br />
natural, constituindo um universo amplo <strong>de</strong> investigação histórica e <strong>de</strong> significados<br />
da vida rural. Porém, é preciso observar que as festas estão sujeitas aos<br />
movimentos históricos, que as modificam e reinventam constant<strong>em</strong>ente.<br />
A introdução <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos da mo<strong>de</strong>rnização nas formas <strong>de</strong> diversões<br />
tradicionais do lugar, não po<strong>de</strong>m ser vista apenas como <strong>de</strong>struidoras das festas<br />
populares, ―<strong>de</strong>squalificando-as, por ameaçar<strong>em</strong> certa autenticida<strong>de</strong> e<br />
espontaneida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> sua pretensa orig<strong>em</strong> popular‖ (ALMEIDA, 2003, p.<br />
100). Deve-se ter cuidado <strong>em</strong> afirmar que as festas estão acabando unicamente por<br />
causa das inovações técnicas. A impressão que fica, a partir da análise das<br />
narrativas, é <strong>de</strong> que elas estão s<strong>em</strong>pre se transformando, com sentido e<br />
possibilida<strong>de</strong>s diversos, envolvendo questões muito complexas que vão além do<br />
avanço técnico científico. No Brasil, como aponta Amaral (1998, p. 34-35),<br />
Tudo indica que o capitalismo cooptou as festas populares e foi<br />
cooptado por elas, mas também que o povo v<strong>em</strong> reinventando suas<br />
festas nas novas condições <strong>de</strong> vida resultantes <strong>de</strong> novos contextos<br />
econômicos e sociais. Po<strong>de</strong>-se observar, também, que as antigas<br />
festas populares, compartilhadas por gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas<br />
(principalmente as festas religiosas) fragmentaram-se <strong>em</strong> formas<br />
diferentes <strong>de</strong> festejar conforme foram se formando grupos <strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>corrência do crescente processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento capitalista, e<br />
a conseqüente divisão social do trabalho, dos espaços, das classes<br />
sociais e, principalmente, do crescimento <strong>de</strong> diferentes<br />
<strong>de</strong>nominações religiosas com maneiras variadas <strong>de</strong> festejar. No<br />
entanto, surgiram ou mantiveram-se gran<strong>de</strong>s festas <strong>em</strong> centros <strong>de</strong><br />
atração regionais.<br />
As festas tradicionais têm assumido tons e sentidos diversos, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />
da região on<strong>de</strong> ocorr<strong>em</strong> e dos sentidos que os indivíduos lhes dão. No caso <strong>de</strong><br />
festejos tradicionais do Tabuleiro, a permanência ou não <strong>de</strong> alguns naquela<br />
comunida<strong>de</strong> parece evi<strong>de</strong>nciar como as formas culturais e sociais <strong>de</strong> viver estão <strong>em</strong><br />
constante processo <strong>de</strong> transformação e ressignificação. Muitos não permanec<strong>em</strong><br />
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