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Desenho e gestão de uma política pública de intermediação ... - IDT

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PREFÁCIO<br />

Os anos noventa foram marcados pelo <strong>de</strong>sempenho sofrível do mercado <strong>de</strong><br />

trabalho brasileiro. O processo <strong>de</strong> reestruturação econômica, pelo qual passou o país,<br />

influenciou diretamente o <strong>de</strong>sempenho da economia, particularmente a indústria que<br />

teve redução líquida <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalho. Esse fato, associado ao aumento da<br />

participação da mulher no mercado <strong>de</strong> trabalho e a insuficiente geração <strong>de</strong> empregos<br />

com registro em carteira no setor terciário da economia, resultou no crescimento do<br />

<strong>de</strong>semprego para níveis elevados e a ampliação das ocupações no trabalho doméstico,<br />

por conta-própria e o emprego sem registro em carteira. Conseqüentemente, as<br />

condições <strong>de</strong> inserção no mercado <strong>de</strong> trabalho pioraram, acentuando a tendência que se<br />

observara na década anterior.<br />

Ao mesmo tempo em que o mercado <strong>de</strong> trabalho se tornava mais restritivo e<br />

o <strong>de</strong>semprego aumentava tornando-se um fenômeno <strong>de</strong> massa, o <strong>de</strong>bate sobre o<br />

enfrentamento <strong>de</strong>ssa questão voltava-se para as <strong>política</strong>s <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> trabalho. Estas<br />

ganharam, então, dimensões que até então não haviam tido. Em parte pelos problemas<br />

apresentados pelo mercado <strong>de</strong> trabalho e, em parte, pelo fato <strong>de</strong> ter sido criado um<br />

fundo específico para o financiamento do seguro-<strong>de</strong>semprego em 1990, que previa a<br />

utilização dos recursos para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> informação, orientação e <strong>intermediação</strong> <strong>de</strong><br />

mão-<strong>de</strong>-obra, e também para ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> qualificação profissional.<br />

Esta última ganhou <strong>de</strong>staque entre as <strong>política</strong>s <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> trabalho em<br />

gran<strong>de</strong> medida pelo contexto <strong>de</strong> reestruturação produtiva e organizacional pelo qual<br />

passavam as empresas, mas também porque era <strong>uma</strong> resposta governamental <strong>de</strong> “baixo<br />

custo” ao crescimento do <strong>de</strong>semprego. A idéia básica era a <strong>de</strong> que as mudanças que<br />

estavam ocorrendo no plano produtivo, tanto no país como no restante do mundo, com a<br />

introdução <strong>de</strong> novas tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação, passaram a exigir um<br />

trabalhador mais qualificado e flexível, capaz <strong>de</strong> adaptar-se rapidamente às mudanças,<br />

<strong>de</strong>senvolvendo múltiplas tarefas. Em conseqüência, o <strong>de</strong>semprego elevara-se em<br />

<strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sajuste entre a <strong>de</strong>manda e oferta <strong>de</strong> trabalho. A solução, portanto,<br />

estava em promover a (re)qualificação <strong>de</strong>sses trabalhadores para terem maior<br />

competitivida<strong>de</strong> no mercado <strong>de</strong> trabalho e ampliar suas chances <strong>de</strong> encontrar um novo<br />

emprego.<br />

A persistência do <strong>de</strong>semprego mostrou o equívoco <strong>de</strong> colocar <strong>uma</strong> <strong>política</strong> <strong>de</strong><br />

qualificação profissional como instrumento para o combate ao <strong>de</strong>semprego <strong>de</strong> massa. A<br />

efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> <strong>política</strong> está ligada à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a economia gerar os postos<br />

<strong>de</strong> trabalho necessários para absorver os trabalhadores que per<strong>de</strong>m seus empregos em<br />

<strong>de</strong>corrência do avanço tecnológico em um <strong>de</strong>terminado setor <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>. Sem isso, o<br />

que se obtém é <strong>de</strong>sempregados com mais (ou novas) qualificação. Diante <strong>de</strong> tal fato, a<br />

própria <strong>política</strong> <strong>de</strong> qualificação profissional foi repensada e aprimorada. Por outro lado, e<br />

a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> não ser <strong>uma</strong> questão nova, o foco do <strong>de</strong>bate passou a ser a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

integração e articulação entre as <strong>política</strong>s <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> trabalho como forma <strong>de</strong> tornálas<br />

mais efetivas.<br />

Como <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>bate, realizaram-se dois congressos nacionais<br />

(2004 e 2005) para se discutir e <strong>de</strong>liberar sobre a constituição <strong>de</strong> um Sistema Público <strong>de</strong><br />

Emprego, Trabalho e Renda. O objetivo <strong>de</strong> tal instituição é organizar e articular a ação das<br />

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