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F L É X A R I B E I R O<br />
Professor Cathedratico do Escolo Nacional<br />
de Bellas Artes e Director do Curso de<br />
Arte Decorativa.<br />
Seu êxito augmenta, conseguindo apparecer<br />
na Exposição Universal de Paris em<br />
1900 (três télas: Fruits, Paysage, Jardin).<br />
Mas seu nome alcança, de facto, notoriedade,<br />
e entra no campo das mais vehementes<br />
discussões, depois de sua morte —<br />
1906. No anno seguinte, faz-se a retrospectiva<br />
de Cézanne <strong>com</strong> 56 quadros: e tem<br />
realmente actividade sua prodigiosa influencia<br />
plastica.<br />
Ora durante todo aquelle periodo de luctas<br />
e çónquistas, em que a technica de detalhe<br />
dos impressionistas era atacada pela synthese<br />
cézanniana, naquella, procurando-se<br />
sentir o pormenor na massa, e nesta puramente<br />
ver a massa <strong>com</strong>o totalidade expressiva,<br />
— foram os seguintes brasileiros<br />
que, pensionistas da Escola Nacional de<br />
Bellas Artes ou do Salão, estiveram em Paris<br />
assistindo o desenvolver daquelle vasto<br />
campo de experiencias. Prêmios de viagem<br />
da Escola: Elyseu Visconti (1892); Raphael<br />
Frederico (1893); Fiúza Guimarães (1895);<br />
Theodoro Braga (1899); Lucilio de Albuquerque<br />
(1906); e Augusto Bracet (191 i).<br />
Prêmios de viagem do Conselho Superior<br />
de Bellas Artes: João Baptista da Costa<br />
(1894); Joaquim Fernandes Machado (1901);<br />
Eugênio Latour (Í902); Helios Seelinger<br />
(1903); Rodolpho Chambelland (1905); Arthur<br />
Thimoteo ( I 9 0 7); Levino Fânzeres<br />
(Í9I2). Todos estes pintores viveram, talvez,<br />
a época mais rica e interessante da arte<br />
contemooranea.<br />
I<br />
No entanto, nenhum deiles para aqui trouxe<br />
sequer a mais leve noticia sobre a renovação<br />
plastica que se processava na corrente<br />
cézanianna. Todos continuavam, tranquilamente,<br />
o ensinamento dos mestres<br />
"acadêmicos", nem mesmo <strong>com</strong>prehendendo<br />
a larga evolução que se processara na<br />
technica, <strong>com</strong> o advento real e amplo do<br />
impressionismo. Nesta parte, <strong>com</strong>o é bem<br />
de ver, e <strong>com</strong>o se deduz do que já escrevi,<br />
exceptuaremos primordialmente Elyseu Visconti,<br />
e depois, noutro sentido, Rodolpho<br />
Chambelland, e ainda Lucilio de Albuquerque.<br />
Também não foi differente a attitude<br />
dos pensionistas que se seguiram de<br />
1916 por diante. Delles teremos que destacar<br />
Marques Júnior e Henrique Cavalleiro<br />
(!9I6) e (1916), respectivamente. Ambos<br />
voltaram e <strong>com</strong>o bons modernos, empregando<br />
ainda a technica impressionista. O<br />
phenomeno cézanne não fora sentido? E<br />
por que? Elie já datava de mais de doze<br />
annos.<br />
Preferiram o impressionismo porque este<br />
já era clássico, se assim me posso expressar,<br />
isto é, estava classificado, e desde<br />
1896. Por outro lado, o caso cézanne offerecia<br />
somma muito maior de esforço, tanto<br />
no tocante á <strong>com</strong>prehensão, <strong>com</strong>o na<br />
technica. Claro que se não trata aqui de<br />
aconselhar uma simples e pura imitação.<br />
Ella será sempre deplorável, ainda que o<br />
modelo seja excellente. Refiro-me aos factores<br />
da evolução. Se os nossos pintores<br />
se achavam na obrigação de trazer, para<br />
Eugênio Latour — Pedinte<br />
o seu paiz, dados novos e evolutivos da technica<br />
de pintar, — parece que seria preferível<br />
dar-nos alguma coisa de realmente<br />
nova.<br />
Como se poderá verificar, até 1916, anno<br />
tomado para estes estudos, somente haviam<br />
chegado ao Brasil as innovações velhas<br />
de mais de meio século, e isto tendo<br />
em vista apenas tres ou quatro pintores<br />
que, isolados, praticavam a pintura de ar<br />
livre e a divisão de tons, uma vez que os<br />
demais, e dos maiores, não conheciam nada<br />
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