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VARAL DO BRASIL 19 JAN 2013

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Varal do Brasil janeiro/fevereiro de <strong>2013</strong><br />

Dente-de-Leão<br />

Por Ana Rosenrot<br />

Eu estava com muita pressa, tinha centenas de coisas para fazer, inúmeros clientes para<br />

visitar e pouquíssimo tempo, andava pelas ruas quase correndo, lutando para me movimentar<br />

rápido em meio ao enorme fluxo de pessoas, o coração acelerado e a cabeça doendo devido ao<br />

estresse – o grande mal da vida moderna −; quando o vento, que espelhava poeira por todos os<br />

lados, fez pousar em meus óculos algo muito interessante: sementes de dente-de-leão.<br />

Peguei uma delas e ao ver aquela sementinha tão linda e aerodinâmica, a penugem<br />

branquinha e incrivelmente leve, recordei imediatamente de minha infância, quando colhia uma<br />

daquelas bolas brancas e um simples assopro desfazia-se em dezenas de paraquedas imaginários,<br />

prontos para viverem incríveis aventuras pelos quatro cantos da Terra.<br />

Pensando bem, somos como as sementes de dente-de-leão, nascemos protegidos por<br />

nossa “planta” mãe e pouco a pouco vamos nos desenvolvendo, tentando sair do invólucro natural<br />

que nos mantém afastados das intempéries da vida, loucos para expor-se completamente à<br />

luz do sol e todos vão se preparando da melhor forma possível, até o grande momento de alçar<br />

voo e dar o máximo de si para pegar os melhores ventos e buscar um local adequado para germinar<br />

e crescer; muitas caem no asfalto duro, na terra infértil, sobre os arranha-céus, ficam grudados<br />

nas roupas – ou óculos – de alguém, podendo ser novamente levadas pelo vento se forem<br />

persistentes, ou simplesmente ficam presas nos desvãos da rua até secarem; poucas encontram<br />

o lugar e as condições ideais para desenvolver-se com plenitude.<br />

Nós seres humanos, também somos assim, uns se esforçam e vencem na vida, outros<br />

não. O problema é que, ao contrário da semente de dente-de-leão, quando finalmente atingimos<br />

nossos objetivos, ao invés de florescermos, parece fazer parte da natureza humana o oposto:<br />

vamos murchando, perdendo o interesse, ficando estagnados. Eu mesmo, que lutei tanto para<br />

alcançar o sucesso e agora vivo estressado por ter tantos clientes e não saber administrar bem<br />

meu tempo; estou sempre irritado, nervoso, vazio, sem coragem para tomar novas iniciativas.<br />

Mas estranhamente, as sementes que grudaram em meus óculos, reacenderam a chama, o desejo<br />

de ir mais longe, de recomeçar, de procurar novos caminhos.<br />

Não é à toa que no Nordeste Brasileiro essa planta é chamada de “esperança” e deu origem<br />

a um sábio dito popular:<br />

“Abre as janelas e deixa a “esperança” entrar na tua casa trazida pelo vento da tarde”.<br />

Devemos deixar que essa semente germine em nossos corações e reinicie seu ciclo natural,<br />

para podermos alcançar voos cada vez mais longos, mais altos, infinitos, cheios de<br />

“esperança”.<br />

www.varaldobrasil.com 10

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