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O contador de historias<br />
Antônio, programador de mainframe, trabalhou<br />
pouco tempo conosco, mas fez história.<br />
Ele era um senhor de aproximadamente<br />
50 anos, estatura média, calvo e os poucos cabelos<br />
que lhe restavam eram brancos. Era magro,<br />
mas um pouco barrigudo e usava óculos.<br />
Antônio era muito simpático e gostava de<br />
conversar, gostava tanto que quando não tinha<br />
assunto, contava casos ocorridos com ele, que<br />
todos desconfiavam da veracidade do que ouviam.<br />
Vou contar dois destes casos que ouvi e<br />
achei engraçados.<br />
Um de nossos amigos, Luiz, estava procurando<br />
um ortopedista nas proximidades da<br />
empresa e encontrou uma doutora, então nos<br />
perguntou:<br />
-Vocês conhecem a Dra. Carla, ortopedista<br />
que atende no prédio do outro lado da rua?<br />
Então, Antonio sempre disposto a conversar<br />
respondeu.<br />
-Não conheço não, mas você deveria conhecer<br />
minha médica cardiologista.<br />
Luiz não entendeu a resposta e disse:<br />
-Mas eu preciso de um ortopedista e não<br />
um cardiologista.<br />
Antonio deu uma risadinha e continuou.<br />
-É que ela é linda. Minha primeira consulta<br />
foi o máximo. Quando entrei no consultório,<br />
ela trancou a porta e eu logo fiquei desconfiado.<br />
Depois conversou um pouco, perguntou sobre<br />
meu estilo de vida e para minha surpresa,<br />
pediu que eu tirasse a roupa. Então tirei, fiquei<br />
apenas de cueca, então ela se aproximou, acariciou<br />
o meu peito e disse:<br />
-Tudo. Aí, vocês já podem imaginar! Rs...<br />
Todos seguraram para não rir. Antônio<br />
não era nada atraente e dada sua fama de<br />
mentiroso, ninguém teve dúvida que fosse mais<br />
uma invenção.<br />
Um dia eu retornei mais cedo do almoço e<br />
fiquei lendo notícias na Internet, quando Antônio<br />
chegou e puxou assunto:<br />
-Não gosto de ler notícias, pois só tem<br />
desgraça.<br />
-Verdade. Eu não tenho muito tempo para<br />
assistir, nem ler notícias, mas quando consigo<br />
Varal do Brasil janeiro/fevereiro de <strong>2013</strong><br />
Por Sheila Ferreira Kuno<br />
assistir, acabo me arrependendo, não gosto de<br />
violência. -Respondi.<br />
-E por falar em violência, você não imagina<br />
o que me aconteceu sábado passado.<br />
-O que?<br />
-Eu estava no estacionamento do Shopping<br />
Tatuapé, tinha acabado de sair do carro,<br />
quando vi uma mulher com sua filhinha de<br />
mãos dadas e de repente, vi também um homem<br />
alto, forte e armado se aproximar delas.<br />
Eu imediatamente corri em direção daquele homem<br />
e joguei-o não chão. Começamos uma<br />
luta corporal, onde eu levei a melhor, consegui<br />
pegar a arma e render o bandido. Eu o detive<br />
até que os policiais chegassem.<br />
Eu achando a história muito fantasiosa,<br />
perguntei:<br />
-Nossa Antônio, que perigo! E você não<br />
machucou nada?<br />
-Pois é, dei sorte.<br />
E para não ser mais questionado, saiu da<br />
sala dando uma desculpa qualquer.<br />
Depois que Antônio saiu da empresa, ficamos<br />
apenas uns dois meses sem histórias, pois<br />
em seguida a empresa contratou um rapaz que<br />
se revelou um ótimo contador de historias também.<br />
E sua frase mais marcante era: " e eu então..".<br />
Mas essa história eu contarei na próxima<br />
edição.<br />
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