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Meu recanto do encanto<br />
Varal do Brasil janeiro/fevereiro de <strong>2013</strong><br />
Mas não pudemos pescar, pois as águas es-<br />
(trecho rerado de meu livro “Nilza por Maria”)<br />
tavam muito barrentas, devia ter chovido na ca-<br />
Por Maria (Nilza) de Campos Lepre beceira do rio. Com a água como estava, não<br />
Aquele ano letivo passou rapidamente, e lo- ia dar uma boa pescaria.<br />
go chegaram as férias de final de ano. Papai Então voltamos, montamos nos animais e<br />
veio buscar-me na pensão, pegou tudo o que partimos para casa, com intenção de ir até o<br />
era meu e pediu que me despedisse de todos, cafezal e o canavial. Entretanto, não lembro por<br />
pois, no próximo ano, eu não mais voltaria a quê, desistimos no meio do caminho e levamos<br />
morar ali. Partimos, então, para aquelas que os animais de volta para o estábulo. Enquanto<br />
seriam minhas últimas férias na fazenda, en- ela tirava os arreios, ficamos conversando e<br />
quanto criança...<br />
contando piadas. Ela ria muito, e encantava-me<br />
Um dia, acordei bem cedo, tomei meu café ver a alegria estampada em seu rosto, que, na-<br />
da manhã e saí à procura da Isaura. Tínhamos quele momento, estava de um vermelho bri-<br />
combinado, na véspera, de dar uma cavalgada lhante, pois acabara de sair do sol.<br />
pela fazenda. Dirigi-me ao estábulo e lá a en- Resolvemos, então, dar uma volta a pé até o<br />
contrei toda atarefada, ajudando seu irmão a riozinho que passava nos fundos do engenho.<br />
selar dois cavalos, um para mim, outro para Pegamos a estrada da entrada e fomos até a<br />
ela.<br />
porteira, onde ficava aquele enorme barranco<br />
Partimos trotando em direção à Fazenda dos com o rio correndo lá embaixo. Seguimos pela<br />
Baianos, porém, assim que saímos do alcance margem direita até encontrarmos o lugar onde<br />
da vista de nossos pais, trocamos para o galo- o rio despencava em forma de cascata. Era<br />
pe, com a Isaura gritando:<br />
uma visão muito linda! Ficamos ali por alguns<br />
minutos, apreciando a natureza e, ao mesmo<br />
¬ Vamos ver quem chega primeiro à portei-<br />
tempo, conversando à toa, embasbacadas com<br />
ra?<br />
a beleza do lugar.<br />
Acelerei o passo, mas, mesmo assim, acabei<br />
perdendo, pois parecia que ela tinha nascido<br />
em cima de um cavalo, cavalgava com muita<br />
desenvoltura, ao contrário de mim, que era toda<br />
desengonçada e nunca chegaria a ser uma<br />
grande amazona.<br />
Chegamos à porteira e apeamos. Amarramos<br />
os animais perto do pasto, para que pudessem<br />
comer, e embrenhamo-nos mato adentro.<br />
Pretendíamos pescar um pouco no rio São<br />
Lourenço, e nossos apetrechos de pesca ficavam<br />
escondidos no meio do mato, sempre a<br />
nossa espera.<br />
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