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Por Ivane Laurete Perotti<br />
Varal do Brasil janeiro/fevereiro de <strong>2013</strong><br />
A TEIA <strong>DO</strong> INFNITO<br />
Grossas lágrimas cristalizadas pela dor ponteavam a superfície dos oceanos. Uma a uma misturavam-se<br />
ao líquido salgado das águas volumosas.<br />
Montanhas desvestidas dos verdes mantos encrespavam-se diante dos olhos perdidos. Um<br />
homem caminhava pelo deserto particular de sua desesperança. Só, desde o berço da alma<br />
vazia, buscava a razão para tamanho descrédito.<br />
Salve a Terra, gritava a memória!<br />
Salve a Terra, respondia o coração!<br />
Nem um eco no horizonte das possibilidades.<br />
As estrelas penduravam-se na dança das lágrimas tristes. O mar recebia o peso sem brilho<br />
abrindo espaço para o mergulho dolorido. Mistura insalubre golpeava os peixes, as baleias e<br />
os golfinhos. Caracóis de algas deslizavam sem vida pela corrente desvairada.<br />
Lágrimas desciam das estrelas coxas, mancas estrelas que perderam a cor. Pontas estranguladas<br />
de luz esgueiravam-se por entre as nuvens<br />
Salve a Terra, pediam os astros!<br />
Salve a Terra, clamavam!<br />
Um homem caminhava só.<br />
Montanhas desnudas cobriam o horizonte fosco rastreando perdidas linhas de trilhas antigas.<br />
A saudade do antes planeta azul caminhava só.<br />
Um homem triste carregava pesado fardo.<br />
O horizonte vazio aguardava expelindo mais um suspiro.<br />
Mais um... mais um...<br />
A teia do infinito tinha pressa em refazer-se nas poucas brumas que pairavam sobre o cume do<br />
tempo. Em tom de urgência, ouviam-se lamentos tragados pelo véu do inconformismo.<br />
Salve a Terra!<br />
Salve a Terra!<br />
Dos olhos do homem que caminhava só brotou um lampejo de entendimento:<br />
Salvo a Terra!<br />
Salva a Terra!<br />
Salvo-me!<br />
Pintura de Ivane Laurete Pero<br />
www.varaldobrasil.com 37