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Manuel Bandeira e suas inovações na criação poética - Unorp

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BOSCO BREVIGLIERI, Etiene M. <strong>Manuel</strong> <strong>Bandeira</strong> e <strong>suas</strong> <strong>inovações</strong> <strong>na</strong> <strong>criação</strong> <strong>poética</strong>. Revista UNORP, v1(1):21-40, dezembro 2002.<br />

30<br />

pessoas que o eu-lírico no presente evoca.<br />

Desta forma, <strong>Bandeira</strong> se utiliza do procedimento discursivo da comparação,<br />

uma forma de a<strong>na</strong>logia, através de uma superposição de valores, virtudes e defeitos<br />

do ser amado que se projeta numa possível discussão de um sentimento amoroso<br />

futuro e mais maduro. Tal como ocorre em Porquinho da Índia:<br />

Quando eu tinha seis anos<br />

Ganhei um porquinho - da - índia.<br />

Que dor de coração me dava<br />

Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!<br />

Levava ele pra sala<br />

Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos<br />

Ele não gostava:<br />

Queria era estar debaixo do fogão.<br />

Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...<br />

____ O meu porquinho- da- índia foi a minha primeira <strong>na</strong>morada.<br />

(Liberti<strong>na</strong>gem)<br />

Vimos, portanto, como por meio de elementos como a temática do<br />

cotidiano, o uso do verso livre e da linguagem coloquial, <strong>Bandeira</strong>, instituiu novos<br />

conceitos de poesia, agora mais próximos do dia-a-dia das pessoas e, portanto,<br />

mais próximo da vida dos habitantes de seu país.<br />

A partir do modernismo como um todo, e em especial de <strong>Manuel</strong> <strong>Bandeira</strong>,<br />

a literatura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l passou a abarcar, dentre seus temas, os costumes do povo<br />

e, por outro lado, tornou-se um veículo de crítica social, principalmente quanto<br />

ao governo, a forma de vida de diversas camadas sociais, e até à valorização<br />

da cultura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e à produção de literatura no país.<br />

Elementos como o verso livre tomaram forma constante em nossa poesia<br />

a partir de então, dando, inclusive, impulsão à poesia concreta que viria a seguir,<br />

poesia condensadora de todas as <strong>inovações</strong> que teve início com o modernismo.<br />

Tudo isso talvez tenha contribuído para que hoje se faça poesia sem ponderar<br />

sobre os caminhos que foram abertos <strong>na</strong> literatura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l a partir do<br />

modernismo e das <strong>inovações</strong> de <strong>Manuel</strong> <strong>Bandeira</strong>. Isso tudo faz desse poeta<br />

parte fundamental da consolidação da literatura como parte integrante da<br />

identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. <strong>Manuel</strong> <strong>Bandeira</strong>, conceituado por Arrigucci como o

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