17.04.2013 Views

Manuel Bandeira e suas inovações na criação poética - Unorp

Manuel Bandeira e suas inovações na criação poética - Unorp

Manuel Bandeira e suas inovações na criação poética - Unorp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

BOSCO BREVIGLIERI, Etiene M. <strong>Manuel</strong> <strong>Bandeira</strong> e <strong>suas</strong> <strong>inovações</strong> <strong>na</strong> <strong>criação</strong> <strong>poética</strong>. Revista UNORP, v1(1):21-40, dezembro 2002.<br />

34<br />

sem prejuízo da visão histórico-cultural da tradição do país que tanto enfatizam,<br />

buscando resgatá-la para a atualidade, eles deslocam o interesse da <strong>criação</strong><br />

rumo à experiência cotidia<strong>na</strong> do escritor, que é, no caso, em grande parte uma<br />

experiência coletiva.”<br />

O poema se inicia com uma espécie de frase bíblica, utilizando a expressão<br />

“Abençoado seja”, apresentando assim os Camelôs como parte de uma atividade<br />

importante e louvável da sociedade, como um elemento que merece destaque,<br />

de forma que o tom bíblico eleva os camelôs a seres divinos que possuem <strong>na</strong>s<br />

mãos os dons, em especial a arte de lidar com os sonhos das pessoas, como<br />

veremos mais ao fim do poema.<br />

O camelô é, ainda, mais especificado como aquele que vende os<br />

“brinquedos de tostão”. Neste caso, há uma valoração ainda maior do sujeito,<br />

uma vez que apresenta que este vive de pouco dinheiro (lucro); consagrado<br />

para muitos como sem importância, mas de grande valor sentimental para as<br />

crianças, e ainda um grupo seleto de observadores que, como o poeta, dão<br />

importância a elementos deixados no passado, <strong>na</strong> infância. Esta, talvez, seja a<br />

primeira antítese do poema, a do valor econômico em choque com o valor<br />

sentimental e afetivo.<br />

Em seguida, temos versos que complementam o primeiro como forma<br />

de enumeração expositiva, de explicação mais detalhada. Assim os demais<br />

versos irão apontar, com pormenores, os elementos que compõem a roti<strong>na</strong> de<br />

venda dos camelôs de tostão, seus produtos.<br />

Temos neste rol: os balõezinhos de cor, o macaquinho que trepa no<br />

coqueiro, o cachorrinho que bate com o rabo, os homenzinhos que jogam boxe,<br />

elementos pertencentes ao mundo infantil apresentados de forma a se aproximar<br />

do mundo atual do poeta. Nota-se que todas as ações dos brinquedos são<br />

descritas no tempo presente, dando-nos a sensação de que o poeta mostra que<br />

tais elementos ainda vivem no mundo de cada criança, que os enxerga <strong>na</strong>s<br />

calçadas e <strong>na</strong> mente daqueles que trazem consigo as memórias da infância,<br />

podendo uma destas pessoas ser representada pelo eu-lírico.<br />

Temos, ainda, dois elementos que fazem parte desta enumeração e que<br />

receberam destaque do poeta e uma explicação para sua importância <strong>na</strong> vida<br />

das crianças e dos futuros adultos, vejamos: “A perereca verde que de repente<br />

dá um pulo que engraçado”; neste verso, o brinquedo citado também possui

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!