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Manuel Bandeira e suas inovações na criação poética - Unorp

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BOSCO BREVIGLIERI, Etiene M. <strong>Manuel</strong> <strong>Bandeira</strong> e <strong>suas</strong> <strong>inovações</strong> <strong>na</strong> <strong>criação</strong> <strong>poética</strong>. Revista UNORP, v1(1):21-40, dezembro 2002.<br />

“Car<strong>na</strong>val”, o poeta apontasse já <strong>suas</strong> preferências por <strong>inovações</strong> estéticas<br />

que lhe renderiam o título de “o São João Batista do modernismo”, dado<br />

futuramente pelos participantes da “Sema<strong>na</strong> de Arte Moder<strong>na</strong>”, em 1922.<br />

Nessa obra <strong>Bandeira</strong> inicia <strong>suas</strong> experiências com o verso livre, dando<br />

início a uma relação que marcaria sua poesia e as dos demais poetas a partir de<br />

então. Essa relação inovadora passou por testes nos poemas “Debussy” e<br />

“Epílogo”, ainda produzidos numa fase de transição entre o verso livre e o<br />

metrificado, embora <strong>suas</strong> experiências com o verso livre já datassem de 1912,<br />

passaram a tomar forma através do poema “ Carinho Triste”, pertencente à<br />

obra “O ritmo dissoluto”, publicada em 1924; fato declarado pelo autor em sua<br />

biografia <strong>poética</strong> intitulada “Itinerário de Pasárgada”.<br />

Essa relação entre poesia e modernismo buscava novas concepções que,<br />

para Menotti Del Picchia, consistiam em: “A fórmula do futurismo paulista<br />

encerra-se, pois, nisto: máxima liberdade dentro da mais espontânea<br />

origi<strong>na</strong>lidade”, tal origi<strong>na</strong>lidade tomou forma através do uso do verso livre<br />

introduzido e conduzido por <strong>Bandeira</strong>, alterando assim a poesia <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

Para Davi Arrigucci Jr. “ a penetração desse novo e poderoso instrumento<br />

[verso livre] no quadro da literatura brasileira, ... dependeu em grande parte,<br />

como se sabe, do esforço pessoal de <strong>Bandeira</strong>”. Ainda para o mesmo crítico,<br />

<strong>Bandeira</strong> progrediu aos poucos em busca do uso do verso livre passando por<br />

aquilo que o crítico chama de “versos polimétricos, ou no fundo sujeitos ao<br />

senso da medida”, ou da seguinte forma:<br />

...com passos seguros no progressivo domínio do verdadeiro verso livre, com<br />

sua cadência rítmica irregular, mas ainda deliberada; <strong>suas</strong> rimas aleatórias ou<br />

ausentes; sua multiplicidade de tom; seu corte arbitrário, mas quase sempre em<br />

aliança com a sintaxe e o sentido, <strong>na</strong> busca de adequada expressão para o<br />

impulso lírico; sua aproximação à prosa, contrariada pela prosódia visual,<br />

destacada pela convenção tipográfica do alinhamento paralelístico.<br />

Com o avanço de sua nova técnica, aos poucos, a obra de <strong>Bandeira</strong><br />

tor<strong>na</strong>-se, em quase sua totalidade, realizada em verso livre, abando<strong>na</strong>ndo a<br />

mecânica tradicio<strong>na</strong>l, como se nota <strong>na</strong>s palavras do poeta no “Itinerário de<br />

Pasárgada”: “Só em 1921 ... fui conseguindo libertar-me da força do hábito.<br />

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