Manuel Bandeira e suas inovações na criação poética - Unorp
Manuel Bandeira e suas inovações na criação poética - Unorp
Manuel Bandeira e suas inovações na criação poética - Unorp
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
BOSCO BREVIGLIERI, Etiene M. <strong>Manuel</strong> <strong>Bandeira</strong> e <strong>suas</strong> <strong>inovações</strong> <strong>na</strong> <strong>criação</strong> <strong>poética</strong>. Revista UNORP, v1(1):21-40, dezembro 2002.<br />
22<br />
A partir de um conceito amplo de identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, podemos dizer<br />
que a identidade cultural do Brasil é muito diversificada. Nossa cultura abarca<br />
as mais diversas formas de arte, passando pela música, teatro, manifestações<br />
folclóricas diversas, literatura...Assim, teríamos um conjunto de valores culturais<br />
constituintes da chamada “unidade” cultural brasileira.<br />
Para Hall (1999:10) e, conforme apontaremos no estudo do modernismo<br />
como elemento da cultura e identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, a formação da unidade cultural<br />
brasileira segue uma reunião de valores individuais, como as opiniões do povo e<br />
valores coletivos demarcados pelos movimentos sociais; e no caso do<br />
modernismo, elencados como parte de um contexto literário.<br />
O que nos interessa no presente estudo é apontar, diante de tantos<br />
elementos que compõem a cultura brasileira, a forma como um deles, a literatura,<br />
se tor<strong>na</strong> um elemento integrante e formador da identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e cultural<br />
de um país.<br />
Tomaremos assim, como idéia inicial, o conceito de identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
como um conjunto de valores sociais, políticos, culturais e históricos que se<br />
solidificaram com o tempo, fixando raízes, criando costumes e gerando aceitação<br />
junto ao povo, termi<strong>na</strong>ndo por determi<strong>na</strong>r sua identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, neste caso, a<br />
identidade brasileira.<br />
Para tanto, nesta tarefa que pretendemos cumprir, a de demonstrar a<br />
ligação entre a literatura e a identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, delimitamos dentre tantas<br />
opções, a poesia modernista, mais precisamente a de <strong>Manuel</strong> <strong>Bandeira</strong>, para<br />
apontar os reflexos desta <strong>na</strong> literatura e <strong>na</strong> identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />
A identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de um país pode ser formada através de elementos<br />
que farão parte de sua cultura como a literatura, e também de fatores que<br />
contribuem para a <strong>criação</strong> de opiniões e preferências da população como fatores<br />
históricos, políticos etc.<br />
No caso do Brasil, como em outros países da América Lati<strong>na</strong>, temos, em<br />
geral, a procura pela <strong>criação</strong> de uma cultura “típica”, própria, que vá se afastando<br />
da cultura trazida pelas <strong>suas</strong> ex-metrópoles.<br />
Este processo de formação de uma cultura própria desencadeia, com<br />
relação à elaboração de identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de um país, num processo que,<br />
segundo Lotmam (1981:101), denomi<strong>na</strong>-se “processo de acumulação e<br />
transmissão de conhecimento de cultura” ou, <strong>na</strong>s palavras do autor, “conjunto<br />
de informação não genética, como a memória comum da humanidade ou de