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A04 - Tópicos de História da Mecânica - parte 2 - juliana hidalgo

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Aula 04 <strong>História</strong> e Filosofi a <strong>da</strong> Ciência<br />

revigora<strong>da</strong>s no Renascimento. Essas <strong>de</strong>legavam a posição central do universo ao Sol,<br />

consi<strong>de</strong>rando-o seu astro mais importante, a fonte <strong>da</strong> luz e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Também Johannes Kepler,<br />

infl uenciado pela mesma tradição, <strong>da</strong>ria justifi cativas metafísicas para situar no Sol (chamado<br />

por ele “Rei dos planetas”, “coração do mundo”, “mora<strong>da</strong> do próprio Deus”) o centro dos<br />

movimentos dos planetas (SILVEIRA; PEDUZZI, 2006, p. 29-30).<br />

Como foi a aceitação do sistema heliostático?<br />

Geralmente vemos o sistema copernicano retratado <strong>de</strong> modo bastante simplifi cado em<br />

fi guras: o Sol no centro e os planetas girando ao redor. Isso nos dá a ilusão <strong>de</strong> que este sistema<br />

era mais simples do que o ptolomaico. Nicolau Copérnico adotou órbitas circulares para os<br />

planetas, mas acabou tendo que manter epiciclos e <strong>de</strong>ferentes para “salvar os fenômenos”,<br />

isto é, <strong>da</strong>r conta dos movimentos dos planetas (só posteriormente Kepler introduziria órbitas<br />

elípticas e <strong>de</strong>scartaria os epiciclos). Em princípio, portanto, o sistema <strong>de</strong> Copérnico não era<br />

menos complicado do que o ptolomaico, e suas previsões para os movimentos dos planetas<br />

eram igualmente razoáveis. Era difícil angariar a<strong>de</strong>ptos.<br />

Contra essa nova teoria havia também, na época <strong>de</strong> Galileu Galileu, fortes objeções<br />

astronômicas. Algumas previsões <strong>de</strong>corriam <strong>de</strong>ssa teoria, mas não eram corrobora<strong>da</strong>s<br />

empiricamente: Marte e Vênus <strong>de</strong>veriam sofrer modifi cações no seu tamanho aparente<br />

quando observados <strong>da</strong> Terra; Vênus <strong>de</strong>veria ter fases (como a Lua); estrelas <strong>de</strong>veriam<br />

apresentar paralaxes.<br />

Em 1610, Galileu publicou suas observações astronômicas com o uso do telescópio na<br />

obra Si<strong>de</strong>rius Nuncius. Já copernicano convicto, notou variações nos tamanhos aparentes <strong>de</strong><br />

Marte e Vênus e fases em Vênus. Contestou a perfeição (aristotélica) do mundo supralunar<br />

ao i<strong>de</strong>ntifi car irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s na superfície <strong>da</strong> lua, manchas no Sol e “orelhas” em Saturno.<br />

Os satélites <strong>de</strong> Júpiter, também notados por ele, sugeriam a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentos<br />

circulares em torno <strong>de</strong> outros corpos além <strong>da</strong> Terra.<br />

Deve-se notar, no entanto, que essas observações nem sempre convenciam os críticos do<br />

novo sistema. Os telescópios eram rudimentares e seu próprio uso era questionado na época.<br />

Afi nal, quem garantia que o que se via era real e não uma modifi cação aparente causa<strong>da</strong> pelas<br />

lentes? Além disso, partindo do pressuposto <strong>de</strong> que a física do mundo sublunar era diferente <strong>da</strong><br />

física do mundo supralunar, quem podia dizer que o que era observado correspondia a algo que<br />

podia ser expresso em termos do que se conhecia na Terra, como “manchas”, por exemplo?<br />

Algumas <strong>da</strong>s novas evidências astronômicas obti<strong>da</strong>s eram previstas também pelo sistema<br />

misto <strong>de</strong> Tycho Brahe, mas isso não interessava a Galileu. Para Kepler e ele, essas evidências<br />

corroboravam o sistema copernicano, e ponto fi nal (SILVEIRA; PEDUZZI, 2006).

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