17.04.2013 Views

A04 - Tópicos de História da Mecânica - parte 2 - juliana hidalgo

A04 - Tópicos de História da Mecânica - parte 2 - juliana hidalgo

A04 - Tópicos de História da Mecânica - parte 2 - juliana hidalgo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

10<br />

Aula 04 <strong>História</strong> e Filosofi a <strong>da</strong> Ciência<br />

Na obra Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo, <strong>de</strong> 1632, a conversa<br />

entre os personagens Salviati (representante <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Galileu), Sagredo (leigo inteligente<br />

disposto a ouvir sobre novos conhecimentos) e Simplício (<strong>de</strong>fensor <strong>da</strong> tradição aristotélica),<br />

foi construí<strong>da</strong> por Galileu Galilei para abor<strong>da</strong>r problemas que, tal como o exposto no parágrafo<br />

anterior, eram fun<strong>da</strong>mentais no âmbito <strong>da</strong>s oposições ao sistema copernicano.<br />

Costumava-se dizer que se a Terra estivesse em rotação: um objeto não po<strong>de</strong>ria cair<br />

verticalmente (vimos na aula passa<strong>da</strong> como esse argumento foi usado por Aristóteles); o<br />

alcance <strong>de</strong> um projétil não po<strong>de</strong>ria ser o mesmo para leste e para o oeste; nuvens, pássaros e<br />

tudo o que estivesse no ar fi caria para trás; os corpos <strong>de</strong>veriam ser expulsos <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong><br />

Terra (argumento <strong>de</strong> extrusão). Como nenhuma <strong>de</strong>ssas coisas ocorria, argumentava-se que<br />

a Terra <strong>de</strong>veria estar em repouso.<br />

Figura 6 – Folha <strong>de</strong> rosto <strong>da</strong> obra Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo.<br />

Copérnico já havia tentado se opor a esse tipo <strong>de</strong> argumentação. No entanto, não estava<br />

preocupado com questões físicas e não foi muito longe nesse <strong>de</strong>bate. Alegou que, como a<br />

Terra tinha movimento circular natural (note aqui a infl uência aristotélica), os corpos ligados<br />

a ela <strong>de</strong> alguma forma compartilhavam <strong>de</strong>ssa natureza e acompanhavam o seu movimento<br />

(ZYLBERSZTAJN, 2009, p. 10).<br />

Galileu, ao contrário <strong>de</strong> Copérnico, <strong>de</strong>dicou-se mais profun<strong>da</strong>mente a essas questões<br />

(GALILEU, 2004, p. 207). Afi rmou que uma pedra solta do alto do mastro <strong>de</strong> um barco em<br />

movimento caía exatamente ao pé do mastro porque ela conservava o movimento horizontal<br />

que tinha antes <strong>de</strong> ser solta, quando então se movia com a mesma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do barco.<br />

Galileu usou, assim, uma concepção inercial e a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> movimentos.<br />

Observando a que<strong>da</strong> <strong>da</strong> pedra num navio em águas tranquilas seria impossível dizer se o navio<br />

estava em repouso ou movimento. Desse modo, concluía-se que “movimentos compartilhados<br />

pelo móvel e pelo observador não são operativos do ponto <strong>de</strong> vista observacional, isto é, não<br />

são perceptíveis” (ZYLBERSTAJN, 2009, p. 11-12).<br />

Fonte:. Acesso em: 28 out. 2009.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!