ROTEIRO DE FILMES - Charles Guimarães Filho
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018. RESTAURANTE<br />
REIKO<br />
Na sociedade atual, raramente ouve-se alguém falar do progresso de<br />
seu país ou sociedade em termos de bem-estar físico, estado de<br />
felicidade, confiança ou estabilidade social. Ao contrário, os<br />
indicadores nos são apresentados através de abstrações econômicas.<br />
Temos o PIB, o índice de preços ao consumidor, o valor do mercado<br />
de ações, índices de inflação e por aí vai. Mas isto nos diz algo de<br />
valor autêntico quanto á qualidade de vida das pessoas? Por exemplo,<br />
o produto interno bruto de um país mede o valor de bens e serviços<br />
vendidos. Alega-se que esta medida está correlacionada ao "padrão de<br />
vida" da população de um país. Os gastos com saúde nos EUA<br />
representaram mais de 17% do PIB em 2009, totalizando mais de 2,5<br />
trilhões e criando assim um efeito positivo neste indicador econômico.<br />
Com base nesta lógica, seria ainda melhor para a economia americana<br />
que os serviços de saúde crescessem mais - talvez para 3 trilhões ou 5<br />
trilhões - já que isto iria gerar mais crescimento e mais empregos e<br />
seria ostentado pelos economistas como um aumento no padrão de<br />
vida de seu país. Mas, espere um minuto. O que de fato representam<br />
os serviços de saúde? Bem, pessoas doentes e morrendo. É isso<br />
mesmo: Quanto mais americanos com problemas de saúde, melhor<br />
ficará a economia. Isto não é um exagero ou uma perspectiva cínica.<br />
De fato, se pararmos para pensar, perceberemos que o PIB não<br />
apenas não reflete a verdadeira saúde pública ou social em qualquer<br />
nível tangível, ele é, na realidade, um indicador de ineficácia industrial<br />
e de degradação social. Quanto mais ele cresce, pior fica a situação<br />
em relação á integridade pessoal, social e ambiental. É preciso criar<br />
problemas para gerar lucro. No paradigma atual, não há lucro em<br />
salvar vidas, manter o equilíbrio do planeta, promover a justiça, a paz<br />
etc. Não há lucro nisso. Existe um ditado antigo: "Aprove uma lei e<br />
abrirá um negócio". Seja criando um negócio para um advogado ou o<br />
que for. Portanto, crimes realmente abrem negócios, da mesma forma<br />
que a destruição abre negócios no Haiti.<br />
ASSESSORA<br />
Nossa! Como sou ignorante. Continue por favor, está ótimo.<br />
Yamazi olha com cara de desdém para àquele encantamento.<br />
REIKO<br />
Há hoje 2 milhões de encarcerados nos EUA, muitos dos quais estão<br />
em prisões dirigidas por empresas privadas que negociam ações em<br />
Wall Street com base no número de presos. Isso sim é doentio. Mas é<br />
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