ROTEIRO DE FILMES - Charles Guimarães Filho
ROTEIRO DE FILMES - Charles Guimarães Filho
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YAMA<br />
O meu mestre diz que estes termos referem-se ao Congresso<br />
Legislativo. Ele comenta que, a cada ano, aprovam-se novas leis,<br />
entretanto, isso não é motivo para orgulho, pois as leis são instituídas<br />
porque o mal social aumenta. Caso aumentasse o número de homens<br />
honestos, não haveria necessidade de leis; portanto, não seria<br />
necessário instituí-las. O verdadeiro progresso da cultura só terá sido<br />
alcançado quando a função do Congresso Legislativo consistir em<br />
revogar as leis. Diz mais: ―Numa sociedade com essas características,<br />
diminuiria a necessidade de leis. Fala-se que a China, durante a Era<br />
Gyoshun, com uma lei constituída apenas de três artigos, e o Japão,<br />
com os dezessete artigos da lei instituída pelo Príncipe Shotoku, foram<br />
muito bem governados, o que eu acho perfeitamente possível.‖<br />
Um MAGISTRADO faz uso da palavra.<br />
MAGISTRADO<br />
(em tom irônico)<br />
Pensem! Uma sociedade moderna como a nossa sendo governada por<br />
meia dúzia de artigos. O Direito, meu caro senhor, sempre contempla a<br />
liberdade, a igualdade e a fraternidade entre os homens.<br />
YAMA<br />
Eu gostaria de recordar que até pouco tempo, os operários não tinham<br />
direito de sociedade de classe, como hoje, e por isso viviam á custa<br />
dos senhores feudais ou da ajuda dos patrões mais ricos. Entre a<br />
maioria das pessoas, portanto, não havia independência nem<br />
igualdade. Elas dependiam da ajuda dos mais poderosos e,<br />
logicamente, não eram donas da sua própria vida.<br />
MAGISTRADO<br />
E continuam assim. O povo ―mama‖ nas ―tetas‖ dos seguros sociais do<br />
Governo, as mulheres se ―encostam‖ nos maridos e ...<br />
YAMA<br />
Uma vez que esta situação se prolongou por vários séculos, é<br />
perfeitamente justificável a dificuldade do povo em se libertar desse<br />
sentimento de dependência.<br />
No que se refere às mulheres, nenhuma trabalhava fora como agora,<br />
mesmo que atingisse certa idade, de modo que elas não tinham<br />
alternativas senão depender dos pais, e, uma vez casadas, deviam<br />
prestar fidelidade absoluta à família do marido até a morte. Elas<br />
estavam, pois, numa situação semelhante à de uma planta parasita,<br />
que não consegue sobreviver senão se agarrar a algo bem forte.<br />
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