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pdf - Alberto Pucheu

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enquanto sobras, uma compreensão de linguagem pré-crítica, que<br />

crê na comunicação “mais direta e eficaz”, diga-se, isomórfica, do<br />

objeto. agamben nos aponta para um posicionamento poético da<br />

linguagem inteiramente distinto do da isomorfia e quer justamente<br />

assegurar tanto a impossibilidade de comunicação do objeto<br />

quanto a impossibilidade de identificação entre fundo e forma,<br />

entre significado e significante, desta vez, como você viu, no privilégio<br />

da hesitação, da ruptura, do abismo, da barra lacaniana.<br />

dentro deste vocabulário, a primeira diferença parece-me se dar no<br />

que você diz que a isomorfia e seus conceitos pares são utilizados<br />

pelo poema para “produzir uma totalidade de sentido-forma irredutível”.<br />

eu diria que, para agamben, nunca há a possibilidade de<br />

uma “totalidade de sentido-forma”. sentido e forma nunca fazem<br />

um, sendo o simbólico, o que se joga conjuntamente reunindo as<br />

diferenças, já diabólico, como ele próprio, sempre inventivamente,<br />

escreve. o poema do ovo nunca é um ovo. o poema da cauda nunca<br />

é uma cauda. o poema da chuva nunca é uma chuva. para que<br />

manter a ilusão da representação? para que manter a ilusão de<br />

transparência? o sentido nunca é o significante. para que manter a<br />

ilusão da representação? para que manter a ilusão de transparência?<br />

o que agamben quer é, sem abrir mão do objeto, assegurar que ele<br />

nunca será apreendido pelo poema, pela linguagem, assegurar que<br />

o cair da chuva jamais entrará no poema, assegurar que o sentido<br />

sempre está em uma relação fendente com o significante. agamben<br />

é o homem para quem o amor já se dá no divórcio, o homem maduro<br />

contemporâneo por excelência. o poema é um lugar de asseguramento<br />

da perdição do objeto em uma linguagem erradia, sem<br />

destino possível fora dela, em uma linguagem easy rider. nesse<br />

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