pdf - Alberto Pucheu
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certamente, muitas outras) é exatamente o fato de o sentido não<br />
estar todo na forma. heteromórficos, o sentido e a forma possibilitam<br />
diversas leituras, que me parecem potências do poema. retornar<br />
sempre à potência, ao campo de possibilidades, é a estratégia<br />
usada por agamben. você fala também do enjambement do<br />
eucanaã, citado por você na sua recente resenha. esse momento<br />
logo na abertura do novo livro dele é mesmo muito bonito. certamente,<br />
a palavra pendente no enjambement, “desaba”, é, como você<br />
diz, radicalmente espacializada, porque operada no abismo existente<br />
entre uma estrofe e outra, saltando, portanto, duas linhas.<br />
nesse sentido, aí, o enjambement quer mesmo uma isomorfia. é<br />
diferente dos exemplos que dou em meu texto. a importância do<br />
que agamben escreve não está pela exclusividade do que diz quanto<br />
ao trato do poema, mas pela singularidade, pela diferença, pelo<br />
acréscimo que seu pensamento oferece. sem dúvidas, já disse alguém,<br />
em poesia, toda similaridade no som é avaliada em termos<br />
de similaridade e/ou de dissimilaridade no sentido. o enjambement<br />
do eucanaã salientado por você vai em direção à similaridade. a<br />
leitura dos institutos poéticos de agamben vão sempre em direção<br />
à dissimilaridade. quanto à cesura do sandro penna, cujo exemplo<br />
é tirado do próprio agamben, você está coberto de razão, há mesmo<br />
um procedimento isomórfico ali, ainda que no ensaio eu tenha<br />
buscado uma pequena brecha também para isso. esses diferentes<br />
procedimentos nos fazem ver que há diversas estratégias. o que<br />
cada uma nos clarifica? o que cada uma nos faz ver? como cada uma<br />
nos lança e relança na potência criadora do dizer é que nos interessa<br />
nas diversas estratégias criadas pelos poetas e pelos teóricos.<br />
agora, em todos os casos, a “coincidência exata entre o som e o<br />
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