pdf - Alberto Pucheu
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sentido”, com a qual exclamativamente você termina seu comentá-<br />
rio, parece-me exatamente a morte do poema. no dia em que o som<br />
e o sentido coincidirem exatamente, a linguagem morre por paralisia,<br />
por asfixia, por enrijecimento. de maneira diferente da que o<br />
décio pignatari escreveu certa vez, afirmando que um poema é<br />
idêntico a si mesmo, eu diria que um poema, corpo vivo em transformação,<br />
é sempre diferente de si mesmo. ele é sempre aberto. por<br />
isso, nesse texto que você leu, eu pude dizer a verdade da poesia (e,<br />
consequentemente, da linguagem): “logo ao criar o poema, matá-lo,<br />
em uma de suas possibilidades, fazendo-o divergir de si mesmo<br />
justamente por aquilo que o faz ser o que é – a poesia”. quanto à<br />
isomorfia, lembro-me daquele começo de das vãs sutilezas, em que<br />
montaigne já havia dito: “os homens recorrem por vezes a sutilezas<br />
fúteis e vãs para atrair nossa atenção. assim, os que escrevem poemas<br />
inteiros em que todos os versos começam pela mesma letra.<br />
na antiga literatura grega deparamos com poemas em forma de<br />
ovo, de bola, de asa, de machadinha, obtidos mediante a variação<br />
das medidas dos versos que se encurtam ou alongam para, em<br />
conjunto, representar tal ou qual imagem”. Poucas linhas depois,<br />
ele finda o parágrafo no mesmo tom: “é prova irrefutável da fraqueza<br />
de nosso julgamento apaixonarmo-nos pelas coisas só porque<br />
são raras e inéditas, ou ainda porque apresentam dificuldade, muito<br />
embora não sejam nem boas nem úteis em si”. e tudo isso ainda<br />
vai render muitos chopes!!! inclusive o de segunda!!<br />
Gostaria de convidá-los a visitar meu site:<br />
www.albertopucheu.com.br<br />
apucheu@terra.com.br<br />
apucheu@gmail.com