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Comments for "Sond'Ar-te Electric Ensemble"

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sentir-se perfeitamen<strong>te</strong> à vontade, inclusivamen<strong>te</strong> com os modes de jeu do próprio instrumento, fechando<br />

assim o círculo, ou o próprio flipbook para dizê-lo melhor, deixando-nos como presen<strong>te</strong> uma bela lembrança<br />

e um belo sorriso nos lábios.<br />

A organização das peças inseridas no “Cadavre Exquis” foi muito in<strong>te</strong>ressan<strong>te</strong>. Sendo sobretudo<br />

surpreenden<strong>te</strong> constatar que, tratando-se de obras – micro-obras – individuais, portanto de carác<strong>te</strong>r<br />

diferen<strong>te</strong>, o problema da “linguagem” (a)parece como o (epi)centro de tudo aquilo que “faz” boa par<strong>te</strong> da<br />

música con<strong>te</strong>mporânea desde as ultimas décadas. Es<strong>te</strong> “Cadavre Exquis” – ao menos organizado de modo<br />

que ouvimos no Goethe Institut nesse dia – confronta-nos com o problema aparen<strong>te</strong>men<strong>te</strong> ainda não<br />

resolvido dos processos de legitimação que parecem preocupar por vezes muito mais aos compositores que<br />

os seus próprios resultados musicais. Daí, talvez, esse sentimento de unicidade, ao ouvir uma certa<br />

ausência de “vozes” ou de discursos diferenciados ou ao menos com alguma “discordância”, em dez<br />

compositores diferen<strong>te</strong>s. A descargo, pode-se imaginar que esta unicidade pode dever-se à unidade tímbrica<br />

imposta por si só pelo quin<strong>te</strong>to, e ainda pela selecção e ordem escolhida para a sua execução, e que tudo<br />

isto ajude a essa tal unidade de linguagem; mas não parece muito convincen<strong>te</strong> que se tra<strong>te</strong> só disso. Es<strong>te</strong><br />

crítico espera que o exercício do cadavre exquis, ao colocar uma série de micro-peças umas a seguir às<br />

outras, não venha a pôr em evidência uma eventual saturação devida a uma produção que comece a <strong>te</strong>nder<br />

ao consenso e a estandardização, o que poderia <strong>te</strong>r por resultado que, a curto ou médio prazo, sejam<br />

poucas as vozes que se destacam. Mesmo assim, o “Cadavre Exquis”, fica decididamen<strong>te</strong> exquis, e<br />

esperemos que a reflexão sobre as linguagens das novas músicas, faça com que cada um dos compositores<br />

se afirme na sua, de modo a confrontarmo-nos na próxima selecção com um Exquis que seja absolutamen<strong>te</strong><br />

Vivace.<br />

Em suma, e pondo a barra muito elevada – como acho que deve ser posta, já que de verdadeiros talentos<br />

se trata –, o concerto deu a ver – a ouvir, claro – uma boa “ponta” do iceberg composicional de alguns dos<br />

jovens compositores actuais que, decididamen<strong>te</strong>, mereceriam dispor de muitos fóruns des<strong>te</strong> tipo para poder<br />

ouvir e pôr em prática, e confrontar com a “realidade” da in<strong>te</strong>rpretação as suas obras, com muito maior<br />

frequência daquela que lhes é oferecida. Sem dúvida, o extraordinário Sond’Ar-<strong>te</strong> <strong>Electric</strong> Ensemble e o<br />

Goethe Institut de Lisboa farão por isso. Nós, lá estaremos novamen<strong>te</strong>. Espero que o Estado tome<br />

consciência da sua responsabilidade no apoio e desenvolvimento de projectos culturais desta qualidade e<br />

raridade, ajudando a man<strong>te</strong>r a primeira e a comba<strong>te</strong>r esta última.<br />

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