Comments for "Sond'Ar-te Electric Ensemble"
Comments for "Sond'Ar-te Electric Ensemble"
Comments for "Sond'Ar-te Electric Ensemble"
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
ART - Turismo dos Açores<br />
http://pt.artazores.com/agenda/ver.php?id=6892<br />
10/11/08 15:40<br />
como em diversas universidades americanas. De 1982 a 1986 foi professor na Universidade de<br />
Berkeley, Califórnia. De 1986 até à data da sua mor<strong>te</strong> em 11 de Novembro de 1998 foi<br />
professor de composição no Conservatoire National Superieur de Musique de Paris.As suas<br />
obras <strong>for</strong>am encomendadas por diversas instituições in<strong>te</strong>rnacionais. Podemos encontrá-las em<br />
programas de vários festivais, em rádios e nos mais conceituados agrupamentos instrumentais<br />
tanto europeus como nor<strong>te</strong>-americanos.<br />
Talea ou a Máquina e as Ervas Daninhas | "Talea" em latim significa cortar. Na música<br />
medieval es<strong>te</strong> <strong>te</strong>rmo designava a repetição de um padrão rítmico sobre o qual se sobrepunha<br />
uma configuração de alturas de sons, igualmen<strong>te</strong> repetidas e coinciden<strong>te</strong>s ou não com a<br />
primeira denominada por "Color".No século XX, redescobrimos esta dissociação entre alturas e<br />
durações. A ideia de um "cor<strong>te</strong>" da ideia inicial, de pôr várias estruturas rítmicas desfasadas,<br />
bem como uma estrutura a duas par<strong>te</strong>s, à qual a segunda poderia designar-se por "Color",<br />
sugeriu-me o título des<strong>te</strong> quin<strong>te</strong>to.<br />
Em Talea, abordo dois aspectos do discurso musical das minhas pesquisas sobre a sín<strong>te</strong>se<br />
musical: a microfonia e as tran<strong>for</strong>mações adjacen<strong>te</strong>s que me levaram ainda mais longe até à<br />
velocidade e ao contras<strong>te</strong>. Talea é composta de duas par<strong>te</strong>s in<strong>te</strong>rligadas e sem qualquer<br />
in<strong>te</strong>rrupção que evidenciam dois aspectos, ou mais precisamen<strong>te</strong>, dois ângulos auditivos de um<br />
mesmo fenómeno. Assim, um único gesto (rápido, <strong>for</strong>tíssimo, ascenden<strong>te</strong> – lento, pianíssimo,<br />
descenden<strong>te</strong>) é apresentado na primeira par<strong>te</strong> com durações medianas, pouco a pouco<br />
corroídas até a um nivelamento dos contras<strong>te</strong>s. A segunda par<strong>te</strong>, exprime a grande <strong>for</strong>ma e a<br />
sucessão da sequência. É polifónica na primeira par<strong>te</strong> e homofónica na segunda.<br />
Do ponto de vista da percepção, a primeira par<strong>te</strong> parece-me um processo inexorável, uma<br />
verdadeira máquina produtora de liberdade que emerge na segunda par<strong>te</strong>. O percurso desta<br />
última é de facto perfurado por emergências mais ou menos irracionais, uma espécie de<br />
lembranças da primeira par<strong>te</strong>, que gradualmen<strong>te</strong> assumem a cor des<strong>te</strong> novo con<strong>te</strong>xto e se<br />
tornam irreconhecíveis. Estas flores selvagens, estas ervas daninhas que surgem do in<strong>te</strong>rstício<br />
da máquina, que crescem em importância e transbordam até darem às secções, nas quais se<br />
insinuam como parasitas, uma coloração in<strong>te</strong>iramen<strong>te</strong> inesperada.<br />
A música de Schoenberg é uma passagem obrigatória. Porque se situa na linha directa da<br />
tradição romântica alemã, porque rompeu, após <strong>te</strong>r explorado ao máximo, o sis<strong>te</strong>ma tonal,<br />
porque não incluiu na sua estética nenhum elemento exótico que o tivesse feito "parecer", ela é<br />
de facto uma profunda revolução. Schoenberg, pedagogo e <strong>te</strong>órico, criou mais do que qualquer<br />
outro compositor do início do séc. XX, uma nova organização da música, redefinindo com<br />
precisão as relações entre os parâmetros, eliminando a hierarquia dos in<strong>te</strong>rvalos. Porém é sem<br />
ruptura e em toda a "lógica histórica" que a sua obra se edifica, conservando muitas vezes a<br />
noção de <strong>te</strong>mas e do seu desenvolvimento. É rigorosamen<strong>te</strong> arqui<strong>te</strong>ctada pela técnica serial,<br />
al<strong>te</strong>rnativa indispensável depois do abandono da estrutura provenien<strong>te</strong> da tonalidade clássica e<br />
Page 3 of 4