3. O Penedo do Lexim: Uma leitura paleoambiental - Câmara ...

líticos de superfície. Depois de encontrarmos três núcleos para lamelas
em sílex, duas lascas também em sílex, e um percutor de quartzito,
soubemos que estávamos perante um novo sítio arqueológico.
7.2. O contributo da geoarqueologia para a descoberta do sítio
A descoberta do sítio de Casal Marreiros, devemos dizê-lo, deve-se
única e exclusivamente ao tipo de abordagem que desenvolvemos
aquando da interpretação da paisagem e do relevo envolvente do Penedo
do Lexim.
Devido às peculiaridades da constituição geológica e geomorfológica
da região, cada fase de construção do esboço de campo era
caraterizada por pausas na marcha, de forma a assegurar que todos os
aspectos individualizados da topografia não eram desprezados. Era com
essas interrupções de caminhada, que usufruíamos do tranquilidade
suficiente para ponderar eventuais acções de erosão e de acumulação de
sedimentos de vertente, sedimentos esses que tão bem nós queríamos
retratar no desenho da geomorfologia.
Ora, foi precisamente numa dessas pausas de caminhada para
interpretação detalhada do relevo que, longe de intentar práticas de
prospecção, pudemos ter tempo necessário para sugerir e equacionar
prováveis locais de estabelecimento, ainda que fossem de curta duração.
Aprazivelmente, mas não de uma forma surpreendente,
encontrámos um sítio arqueológico inédito no único local que, em toda a
fase de elaboração daquele esboço, resolvemos prospectar, motivados, lá
está, pelo alerta que a constituição geomorfológica da vertente da
margem direita da ribeira da Laje tinha lançado – uma zona relativamente
plana que não sofria acções relevantes de erosão de vertente (quanto
muito, pequenos movimentos de reptação com pouca competência),
abrigada da acção erosiva do vento e da chuva pela estrutura calcária
onde o sítio de Casal Marreiros se encostava.
Por isso, estamos convictos ao afirmar que este sítio arqueológico
só foi descoberto devido ao sobreaviso da leitura paisagística a que
estávamos sensibilizados. Se não, qual seria a probilidade de encontrar
um novo sítio arqueológico, numa área tão reduzida e que ainda por cima
já tinha sido anteriormente prospectada por outros arqueólogos.
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