revista-pedago - Fama
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O tema "inclusão" está em moda.<br />
Lamentavelmente é assim. A expressão da<br />
cultura educacional por estes lados do mundo exalta<br />
determinados modismos, assuntos da vez, temas<br />
emergentes e não raramente importantes, mas que<br />
por algum período são falados, escritos e discutidos<br />
por todos em toda parte, mas que não escapam de<br />
um certo ciclo vital que os relega para o esqueci-<br />
mento tempos depois, como moda passageira. Foi<br />
assim com o "construtivismo", logo depois com o<br />
"construtivismo interacionista", depois com "as<br />
inteligências múltiplas", apareceram os tempos das<br />
"competências" e agora parece ser chegada a hora<br />
da inclusão. O assunto aparece com destaque em<br />
toda reunião pedagógica, as poucas <strong>revista</strong>s peda-<br />
gógicas abrem-lhes edição especial, congressos e<br />
seminários são repetitivamente organizados para<br />
apresentá-los. Algum tempo depois, o tema da<br />
moda é por outro substituído e seus fundamentos<br />
prosseguem apenas para alguns poucos, refletidos<br />
neste ou naquele lugar. Agora o tema da moda é a<br />
inclusão.<br />
O AVESSO DA INCLUSÃO<br />
A inclusão, abrindo direito à educação para<br />
todo aluno seja qual for sua dificuldade ou deficiên-<br />
cia, em seu sentido mais amplo parece ser idéia que<br />
não admite contestação. Todo ser humano, por mais<br />
severas que sejam suas limitações é educável e a<br />
Licenciado em Geografia, Especialista em<br />
Inteligência e Cognição e Mestre em Ciências<br />
Humanas pela Universidade de São Paulo. Autor de<br />
cerca de 180 livros didáticos consultor e autor em<br />
diversas <strong>revista</strong>s especializadas em Ensino e<br />
Aprendizagem. Como palestrante tem participado<br />
desde 1963 de Simpósios, Congressos e Seminários<br />
ministrados em todo o Brasil, América Latina e<br />
Europa.<br />
Celso Antunes<br />
escola verdadeira é toda aquela que a todos se abre<br />
e a todos oferece igual possibilidade de progresso,<br />
ainda que trabalhando de forma profissional e<br />
responsável as diferenças, sejam elas quais forem.<br />
Mas, nem por isso, a questão inclusiva escapa de<br />
uma análise crítica onde é possível aplaudir seu<br />
"lado direito", mas criticar com rigor seus excessos,<br />
protestar contra seus desvios. É esta a finalidade<br />
crítica deste artigo.<br />
O lado direito da inclusão é aquele que fala<br />
de oportunidades para todos e que identifica a<br />
diversidade como forma de riqueza, jamais castigo.<br />
Esse mesmo lado enfatiza que todos somos essenci-<br />
almente diferentes e que não são aceitas fórmulas<br />
para estabelecer a normalidade e a anormalidade.<br />
Anormal é crer que a diferença deve ser elemento<br />
de discriminação e assim a falsa escola elege quem<br />
acolhe como plausível e discrimina e afasta todos<br />
quantos se distanciam dos padrões de um critério<br />
grotesco, perverso e exclusivista.<br />
O triste avesso da inclusão é a tolice de se<br />
crer que como não existe a anormalidade é essencial<br />
que todos se nivelem e, dessa forma, bons e ruins<br />
são semelhantes, esforçados e negligentes são<br />
iguais. De maneira sutil, mas persistente começa se<br />
instituir como verdadeiro valor da escola nos<br />
tempos de agora a crença absurda de que exaltar o<br />
bom implica em denegrir o fraco, aplaudir o esforço<br />
é extremamente perverso e segregacionista para<br />
quem é indolente.<br />
Essa tolice afasta a educação brasileira das<br />
melhores do mundo e gera falsos argumentos para<br />
defender indolentes. Temos uma educação entre as<br />
piores do mundo? Paciência. É mais importante ser<br />
feliz que ser sábio, como se pudesse existir felicida-<br />
de autêntica sem sabedoria; demonstramos redun-<br />
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