Gestão de Pessoas/ Recursos Humanos - IEFP
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do emprego dos mais idosos. De facto, uma das consequências<br />
mais importantes do envelhecimento da população pren<strong>de</strong>-se<br />
com a sustentabilida<strong>de</strong> dos sistemas <strong>de</strong> protecção social. Face à<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pagar cada vez mais reformas e pensões, a solução<br />
é aumentar o número <strong>de</strong> pessoas activas. Ora, se o número<br />
<strong>de</strong> jovens a entrarem no mercado <strong>de</strong> trabalho diminui, terão <strong>de</strong><br />
ser os mais idosos a permanecer empregados sob pena <strong>de</strong> o sistema<br />
se tornar insustentável.<br />
É esse o objectivo das políticas europeias <strong>de</strong> «envelhecimento<br />
activo». A Comissão Europeia preten<strong>de</strong> inverter a tendência <strong>de</strong><br />
diminuição da taxa <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> dos trabalhadores mais velhos,<br />
tendência verifi cada durante as décadas <strong>de</strong> 60, 70 e 80 e que se<br />
<strong>de</strong>veu em gran<strong>de</strong> parte às políticas públicas que facilitavam a<br />
saída antecipada (isto é, com ida<strong>de</strong> inferior à da ida<strong>de</strong> legal <strong>de</strong> reforma)<br />
do mercado <strong>de</strong> trabalho. Há cerca <strong>de</strong> 40 anos, a diferença<br />
entre a taxa <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> dos mais velhos e dos mais novos era<br />
<strong>de</strong> 10-15 pontos percentuais; no fi nal dos anos 90 essa diferença<br />
atingia 40-50 pp. nalguns países da UE.<br />
A partir <strong>de</strong> 1997, todos os Estados-membros adoptaram medidas<br />
para favorecer o prolongamento da vida activa. Mais do que aumentar<br />
a ida<strong>de</strong> legal da reforma, o objectivo é atingir uma taxa <strong>de</strong><br />
emprego dos trabalhadores mais velhos <strong>de</strong> 50%. Várias medidas<br />
foram tomadas: isenções fi scais e <strong>de</strong> contribuições sociais para<br />
as empresas que mantêm trabalhadores para além da ida<strong>de</strong> da<br />
reforma; reforço das pensões para quem trabalha mais anos e<br />
penalizações para quem sai mais cedo; disposições regulamentares<br />
visando diminuir a discriminação etária, etc. Dez anos <strong>de</strong>pois,<br />
estas medidas já tinham produzido efeito na maioria dos<br />
países (Quadro 2).<br />
Quadro 2<br />
Taxa <strong>de</strong> emprego das pessoas com 55-64 anos (%)<br />
EU27 Espanha França Portugal Suécia Reino Unido<br />
1998 36,2 35,1 28,3 49,6 63,0 56,2<br />
2009 46,0 44,1 38,9 49,7 70,0 57,5<br />
Fonte: EUROSTAT<br />
Como se po<strong>de</strong> observar, existem diferenças muito substanciais<br />
entre os vários países europeus. Em Portugal, a taxa <strong>de</strong> emprego<br />
dos mais idosos era comparativamente alta em 1998, situação<br />
que se <strong>de</strong>ve sobretudo ao facto <strong>de</strong> as carreiras contributivas estarem<br />
incompletas e ao elevado risco <strong>de</strong> pobreza das pessoas<br />
idosas (a taxa <strong>de</strong> pobreza dos mais <strong>de</strong> 65 anos era, em Portugal<br />
em 2007, <strong>de</strong> 26% contra 19% na UE25), factores que pressionam<br />
os trabalhadores a permanecerem no mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />
revista dirigir 13<br />
<strong>de</strong>staque<br />
As medidas que visam favorecer o envelhecimento activo tiveram<br />
um impacto muito reduzido em Portugal. Ao contrário do que<br />
acontece, por exemplo, nos países escandinavos, gran<strong>de</strong> parte<br />
dos trabalhadores portugueses são pouco qualifi cados e <strong>de</strong>sempenham<br />
tarefas repetitivas, muitas vezes em ambientes físicos<br />
ou psicológicos adversos. O <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> sair prematuramente da<br />
vida activa está obviamente muito associado à qualida<strong>de</strong> dos<br />
empregos e ao interesse das funções <strong>de</strong>sempenhadas.<br />
As políticas preconizadas pela Comissão Europeia envolvem principalmente<br />
as políticas públicas e não há recomendações específi<br />
cas para a gestão dos trabalhadores idosos nas empresas. Ora,<br />
a intervenção ao nível das empresas é crucial para alterar esta<br />
tendência. Nos países escandinavos as empresas esforçam-se<br />
para adaptarem os empregos às pessoas mais velhas: a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> trabalhar a tempo parcial sem que os trabalhadores<br />
fi quem prejudicados, a semana <strong>de</strong> 4 dias, o maior número <strong>de</strong><br />
semanas <strong>de</strong> férias, o planeamento da saída do emprego <strong>de</strong> forma<br />
progressiva ao longo <strong>de</strong> dois ou três anos e a reorganização<br />
do trabalho são exemplos disso mesmo. Entre outras soluções,<br />
organizar o trabalho em pares constituídos por um trabalhador<br />
jovem e um mais velho é uma das vias mais efi cazes para, simultaneamente,<br />
reduzir a discriminação etária e promover a partilha<br />
<strong>de</strong> conhecimentos e experiências. Evita-se assim a formação <strong>de</strong><br />
grupos fechados que promove a segregação social.<br />
A forma como as pessoas idosas são tratadas constitui um indicador<br />
do estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>. Uma<br />
das queixas mais recorrentes das pessoas idosas é sentirem-se<br />
«transparentes»: ninguém repara nelas. A melhor maneira <strong>de</strong><br />
voltar a torná-las «visíveis» é através da valorização dos seus saberes<br />
específi cos e da sua a<strong>de</strong>quada integração na vida activa.