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VJ OUT 06 - Visão Judaica

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Um novo anti-semitismo<br />

orrem tempos violentos.<br />

Alguns crêem que vivemos<br />

um novo tipo de<br />

conflito: as “guerras culturais”.<br />

Por exemplo, entre muçulmanos<br />

sunitas e xiitas, ou entre islamistas<br />

e ocidentais. No entanto, é<br />

muito provável que as razões de alguns<br />

destes conflitos sejam tradicionais.<br />

Pertencer a um determinado grupo<br />

cultural é só um pretexto para as<br />

batalhas entre os vencedores e os<br />

perdedores da globalização. Líderes<br />

implacáveis mobilizam seguidores<br />

desorientados e, no caso particular<br />

dos perdedores, até podem induzilos<br />

a empreender ações suicidas contra<br />

o suposto inimigo.<br />

Talvez não devêssemos nos surpreender<br />

que em tais tempos ressurja<br />

o mais antigo de nossos ressenti-<br />

mentos perversos e letais: o anti-semitismo.<br />

Retorna em sua forma clássica:<br />

ataques individuais, como o<br />

recente assassinato de um jovem judeu<br />

na França, ou contra sinagogas,<br />

cemitérios e outros lugares simbólicos.<br />

Mas também há um sentimento<br />

mais generalizado de hostilidade<br />

contra todo o judeu.<br />

Caberia supor que o Holocausto<br />

acabou definitivamente com o<br />

anti-semitismo, mas não foi assim.<br />

Há aqueles que negam o Holocausto<br />

ou que tenha acontecido da forma<br />

perfeitamente documentada, em<br />

que ocorreu.<br />

Seus negadores vão desde historiadores<br />

de menor importância, como<br />

David Irving, até políticos aparentemente<br />

populares, como Mahmoud<br />

Ahmadinejad, presidente eleito do<br />

Irã. As provas do que fez a Alemanha<br />

nazista são tão irrefutáveis que tal-<br />

vez nem sequer fizesse falta encarcerá-los<br />

e, desse modo, atrair até eles<br />

mais atenção da que merecem.<br />

A fonte mais inquietante do<br />

anti-semitismo é outra. É justo,<br />

pois, falar de um “novo anti-semitismo”.<br />

Tem a ver com Israel, a única<br />

nação bem sucedida do Oriente<br />

Médio que, além disso, é muito militarizada,<br />

é uma potencia ocupante<br />

e uma defensora implacável de<br />

seus interesses.<br />

Parece difícil exagerar o estranho<br />

sentimento dos ocidentais para com<br />

a Palestina. Poderíamos chamá-lo<br />

“romanticismo”. Assim expressaram<br />

intelectuais como Edward Said, já<br />

falecido, mas tem muitos adeptos<br />

nos Estados Unidos e na Europa. Glorificam<br />

os palestinos como as vítimas<br />

da dominação israelense. Falam<br />

do tratamento que recebem os palestinos<br />

israelenses: cidadãos de segunda<br />

classe, no melhor dos casos.<br />

Citam os numerosos incidentes opressivos<br />

nos territórios ocupados. Implicam<br />

o explícito, se põem ao lado<br />

das vítimas, enviam-lhes dinheiro,<br />

até declaram lícitos os atentados<br />

suicidas e se afastam cada vez mais<br />

do apoio a Israel e de sua defesa.<br />

É certo que, em teoria, podemos<br />

opor-nos às políticas de Israel sem<br />

ser por isso anti-semitas. Além disso,<br />

há muitos israelenses que as criticam.<br />

Não obstante, cada vez custa<br />

mais manter a distinção. Os judeus<br />

da diáspora se sentem obrigados a<br />

defender (com razão ou sem ela) o<br />

país que, apesar de tudo, é sua última<br />

esperança de segurança. Por isso,<br />

seus amigos vacilam em falar claro:<br />

temem ser tachados não só de hos-<br />

VISÃO JUDAICA • outubro 20<strong>06</strong> • Tishrei / Chesvan • 5767<br />

Ralf Dahrendorf * tis a Israel, como também de anti-<br />

Charge publicada no jornal Chicago Tribune, em 19 de julho<br />

semitas. A atitude defensiva dos judeus<br />

e o silêncio incômodo de seus<br />

amigos indicam que o cenário do<br />

debate público está aberto para os<br />

verdadeiros anti-semitas, mesmo que<br />

se limitem a falar mal de Israel.<br />

O anti-semitismo é repugnante,<br />

seja qual for a forma que adote. A<br />

educação e o debate não bastam para<br />

lutar eficazmente contra o novo antisemitismo.<br />

Ele está ligado a Israel.<br />

Nós que pertencemos<br />

a uma geração que con-<br />

sidera Israel uma das<br />

grandes conquistas<br />

do século XX e o<br />

admira pelo modo<br />

em que deu um orgulhoso<br />

lar aos perseguidos<br />

e oprimidos,<br />

nos inquietamos<br />

particularmente diante<br />

da possibilidade de que<br />

hoje em perigo.<br />

13<br />

* Ralf Dahrendorf integra<br />

a Câmara dos Lordes, na Grã-<br />

Bretanha. Tradução para o espanhol<br />

de Zoraida J. Valcárcel e publicado no<br />

jornal La Nación em 20.3.20<strong>06</strong>. O texto<br />

está em http://www.lanacion.com.ar/<br />

opinion/nota.asp?nota_id=790259.<br />

Traduzido para o português<br />

por Szyja Lorber, para o jornal<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

Chavez e Ahmadinejad são parte do novo anti-semitismo

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