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Cristãos pretos no mundo colonial: irmandades de escravos e 77

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os capitães-mores, os senhores <strong>de</strong> engenho e <strong>de</strong>mais moradores tivessem artilharia e armas,<br />

discriminando <strong>de</strong>talhadamente os tipos e quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> armamento. Concedia o prazo <strong>de</strong> um<br />

a<strong>no</strong> para a sua aquisição por parte dos moradores, findo ao qual era prevista punição aos não<br />

cumpridores <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>terminações. Para verificar se as or<strong>de</strong>ns estavam sendo obe<strong>de</strong>cidas e<br />

executar as penas em caso <strong>de</strong> falta, foi estabelecido que o provedor-mor se encarregasse <strong>de</strong><br />

realizar a inspeção e, na sua ausência, os provedores da capitania exerceriam tal função. Para a<br />

segurança e <strong>de</strong>fesa das povoações e fortalezas do Brasil, os capitães e os senhores <strong>de</strong> engenho<br />

seriam obrigados a sustentar o efetivo militar: cada capitão <strong>de</strong>veria ter em sua capitania pelo<br />

me<strong>no</strong>s 2 facões, 6 berços, 20 arcabuzes, a pólvora necessária, 20 bestas, 20 lanças, 40 espadas<br />

e 40 corpos <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> algodão; cada senhor <strong>de</strong> engenho ao me<strong>no</strong>s 4 berços, 10 espingardas e<br />

a pólvora precisa, 10 bestas, 10 lanças, 20 espadas e 20 corpos <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> algodão; e cada<br />

morador que tivesse <strong>no</strong> Brasil casas e terras <strong>de</strong>via ter pelo me<strong>no</strong>s besta, espingarda, lança e<br />

espada 50 .<br />

Portanto, com a implantação do gover<strong>no</strong>-geral e a subseqüente centralização dos negócios<br />

administrativos, o próprio governador-geral assumiria o comando das armas 51 . Nas Capitanias<br />

Hereditárias a hierarquia militar obe<strong>de</strong>cia à seguinte or<strong>de</strong>m: donatário, capitão-mor, capitão <strong>de</strong><br />

infantaria, capitão <strong>de</strong> cavalaria. As Or<strong>de</strong>nanças eram organizadas em cada Vila, aí se incluindo<br />

seus Arraiais e Povoados, sendo seus comandantes responsáveis diretos pela <strong>de</strong>fesa local 52 .<br />

Porém, <strong>no</strong> início da colonização – e assim o será por praticamente todo o período <strong>colonial</strong><br />

– os po<strong>de</strong>res públicos não tinham condições <strong>de</strong> realizar <strong>de</strong> maneira eficiente o controle e <strong>de</strong>fesa<br />

do território ante os inimigos inter<strong>no</strong>s e exter<strong>no</strong>s. Para tanto, utilizavam os guerreiros obtidos junto<br />

às tribos indígenas amigas, assim como os soldados das linhas Auxiliares. O Regimento <strong>de</strong> 1548<br />

fixava formas <strong>de</strong> recrutamento e organização <strong>de</strong>sta força Auxiliar, cujos encargos eram dos<br />

moradores. Em outros termos, para além das linhas Regulares, a força privada garantia a<br />

homeóstase do sistema 53 .<br />

A fim <strong>de</strong> armar a população da colônia através <strong>de</strong> imposições legais, a Coroa promulgou o<br />

Alvará <strong>de</strong> Armas <strong>de</strong> 1569 que tornava obrigatória a posse <strong>de</strong> armas pelos homens livres 54 .<br />

No entanto, essas medidas não conseguiram organizar o sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e transformar<br />

as Or<strong>de</strong>nanças em uma força militar regulamentada. Isto foi feito com a promulgação do já citado<br />

Regimento das Or<strong>de</strong>nanças <strong>de</strong> 1570 (ou Regimento dos capitães-mores) que ampliou as<br />

50 Para conhecimento do regimento citado ver AMARAL, Roberto e BONAVIDES, Paulo. Textos Políticos da História do<br />

Brasil. Brasília: Senado Fe<strong>de</strong>ral, Conselho Editorial, Vol. 1, 2002, pp. 157-170.<br />

51 SALGADO, Graça. Fiscais e Meirinhos... Op. Cit., pp. 98-99.<br />

52 FILHO, Jorge da Cunha P. “Tropas militares luso-brasileiras <strong>no</strong>s séculos XVIII e XIX...” Op. Cit., 12.<br />

53 PUNTONI, Pedro. “A arte da guerra <strong>no</strong> Brasil: tec<strong>no</strong>logia estratégias militares na expansão da fronteira da América<br />

portuguesa (1550-1700)”. In: Castro, Celso; Izecksohn, Vitor e Kraay, Hendrik (Orgs). Nova História Militar Brasileira...<br />

Op. Cit., p. 44.<br />

Revista Eletrônica <strong>de</strong> História do Brasil, v. 7 n. 2, jul.-<strong>de</strong>z., 2005<br />

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