Cristãos pretos no mundo colonial: irmandades de escravos e 77
Cristãos pretos no mundo colonial: irmandades de escravos e 77
Cristãos pretos no mundo colonial: irmandades de escravos e 77
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Or<strong>de</strong>nanças, as Milícias persistiriam como um dos seguimentos da organização militar em todo o<br />
período <strong>colonial</strong> e ambas foram extintas apenas em 1831, com a criação da Guarda Nacional 60 .<br />
Vale lembrar que <strong>no</strong> Brasil, ao contrário <strong>de</strong> Portugal, o caráter nivelador que se introduzia<br />
com as Or<strong>de</strong>nanças gerava gran<strong>de</strong>s expectativas. Se em Portugal a associação com as<br />
Or<strong>de</strong>nanças era tida pela <strong>no</strong>breza como <strong>de</strong>sonrosa, <strong>de</strong>vido à dissociação entre a expectativa <strong>de</strong><br />
um acréscimo <strong>de</strong> honra e a participação nesta força militar – que se traduzia numa resistência ao<br />
recrutamento e a participação <strong>no</strong>s seus escalões mais altos 61 – o cenário <strong>no</strong> Brasil era outro. Se<br />
levarmos em conta que na América Portuguesa a hierarquia social se forjava na presença do<br />
escravismo, o corte social proposto pelas Or<strong>de</strong>nanças era uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afirmação social<br />
e <strong>de</strong> distinção entre os homens livres, sendo por isso a posse <strong>de</strong> uma patente nesta força militar<br />
algo muito requisitado pelas elites locais 62 .<br />
Importante também é <strong>no</strong>tar que as Or<strong>de</strong>nanças como força militar dominante nas décadas<br />
inicias da colonização, acabaram por moldar as estruturas políticas que se organizavam <strong>no</strong> nível<br />
local intermediário dos po<strong>de</strong>res locais e o gover<strong>no</strong>-geral. Com efeito, à medida que as capitanias<br />
hereditárias passavam ao controle da Coroa, ou seja, tornavam-se território sob administração<br />
direta da monarquia, o posto administrativo superior <strong>no</strong>s limites <strong>de</strong> sua jurisdição confundia-se<br />
<strong>no</strong>minalmente com o <strong>de</strong> capitão-mor. Mas esse capitão-mor exercia também as funções relativas<br />
ao Corpo das Or<strong>de</strong>nanças. Por sua vez estava subordinado ao governador-geral que exercia o<br />
comando supremo das forças militares 63 .<br />
AS TROPAS DE ORDENANÇAS EM MINAS GERAIS<br />
A introdução das Companhias <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>nanças em Minas Gerais data <strong>de</strong> 1709. Instituídas<br />
por uma carta régia, elas foram sendo sistematicamente organizadas em diversas vilas e arraiais<br />
da região mineira que haviam sido criadas recentemente, a saber, Ribeirão do Carmo, Vila Rica,<br />
Sabará, Rio das Mortes, Serro Frio e Brejo do Salgado 64 .<br />
Alguns autores têm <strong>de</strong>stacado, direta ou indiretamente, a relevância do papel<br />
<strong>de</strong>sempenhado pelos Corpos <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>nanças para a efetivação da colonização das Minas, na<br />
medida em que auxiliaram na repressão interna <strong>de</strong> levantes, <strong>no</strong> controle <strong>de</strong> opiniões contrárias a<br />
excessiva tributação a qual os povos da capitania estavam sujeitos, e <strong>no</strong> controle do inimigo, isto<br />
60 SALGADO, Graça. Fiscais e Meirinhos... Op. Cit., p.110.<br />
61 COSTA, Fernando Dores. “Milícia e socieda<strong>de</strong>: recrutamento”. In: HESPANHA, A M(Org). Nova História militar <strong>de</strong><br />
Portugal... Op. Cit., p 75.<br />
62 PUNTONI, Pedro. “A arte da guerra <strong>no</strong> Brasil: tec<strong>no</strong>logia estratégias militares na expansão da fronteira da América<br />
portuguesa (1550-1700)...” Op. Cit., p. 45.<br />
63 I<strong>de</strong>m, p. 46.<br />
64 FILHO, Jorge da Cunha Pereira. “Tropas militares luso-brasileiras <strong>no</strong>s séculos XVIII e XIX...” Op. Cit., p.13.<br />
Revista Eletrônica <strong>de</strong> História do Brasil, v. 7 n. 2, jul.-<strong>de</strong>z., 2005<br />
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