indígenas. A partir da década de 1970, o movimento indígena tem conseguido mudar conceitos e os direcionamentos dessas políticas. Mas, na prática e em muitos estados, as antigas políticas de transição lingüística ainda estão em pleno vigor, sobrepondo-se aos direitos conquistados na legislação. Nesse sentido, o intuito é de poder estar contribuindo de alguma forma para a revitalização dessas línguas. Com este trabalho pretendemos, a princípio, socializar algumas experiências que julgamos muito válidas; em especial aos professores indígenas, tanto nas aulas com seus alunos como em sua tarefa de pesquisadores. Consideramos que em um “construir educação”, como é o caso da educação escolar kaingang, a mesma deveria estar alicerçada no estudo de sua cultura, sua história e língua, em interface aos conhecimentos da sociedade envolvente, tendo então como base o estudo e pesquisa. Todavia, não temos percebido grandes avanços nas políticas educacionais/linguísticas com essa perspectiva (a salvo as iniciativas isoladas de organizações independentes). Sentimos, então, a necessidade de despertar uma reflexão mais crítica em torno da importância da pesquisa e documentação de línguas e culturas indígenas. Posteriormente, entraremos então no tema propriamente dito, que é uma introdução “As Artes da Palavra”, fazendo uma relação com a literatura. Esse termo é utilizado, no presente estudo, parafraseando Franchetto (2003). Nos capítulos que seguem, será feita uma exemplificação das construções textuais elaborados na oralidade da língua kaingang, como, por exemplo, os diferentes tipos de narrativas, cantos, rezas, etc. Vamos também fazer um breve estudo e análise das construções gramaticais que venham a caracterizar os diferentes tipos de textos, como termos específicos da língua kaingang que por ventura possamos detectar estarem classificando esses textos.
Do material de pesquisa aqui analisado, a maior parte foi coletada em campo e o restante constitui de material publicado (como cd de áudio).