Livro de Anita Garibaldi - Nereu Moura
Livro de Anita Garibaldi - Nereu Moura
Livro de Anita Garibaldi - Nereu Moura
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Anita</strong> <strong>Garibaldi</strong> A Guerreira das REPÚBLICAs– Adílcio Cadorin<br />
Biblioteca Virtual da Página do Gaúcho - www.paginadogaucho.com.br<br />
No mesmo dia, após <strong>de</strong>struir completamente os lanceiros negros do Capitão<br />
Máximo, dirigiu-se a casa on<strong>de</strong> estava <strong>Anita</strong>. Pren<strong>de</strong>ndo-a, pensou que<br />
subjugaria <strong>Garibaldi</strong>. No entanto, graças a resistência dos republicanos ali<br />
postados, <strong>Anita</strong> ainda com febre puerperal, vestida apenas com uma<br />
camisola teve apenas o tempo suficiente para enrolar o pequeno Menotti,<br />
então com doze dias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, em um cobertor, pular em pelo em um dos<br />
cavalos que estava na estrebaria edificada junto a cozinha e evadir-se em<br />
meio ao cerco <strong>de</strong> sua casa, que naquele instante estava sendo feito, sem que<br />
Moringue pu<strong>de</strong>sse prendê-la. Se não tivesse parido e não lhe falasse mais<br />
alto o sentimento materno, certamente teria sido presa ou assassinada. Pela<br />
sua já conhecida personalida<strong>de</strong> e disposição para lutar, teria ficado e<br />
comandado a resistência, como lhe era característico. Sua preocupação<br />
maior, porém, era salvar seu filho, agora seu maior bem e preocupação.<br />
Embrenhou-se no matagal e em sinuoso pântano. Ali permaneceu<br />
acantonada por quatro dias, alimentando seu filho com leite materno e a sí<br />
própria com raízes e frutos silvestres.<br />
Quando <strong>Garibaldi</strong> voltou a casa, e não a encontrou, <strong>de</strong>sesperado passou a<br />
procurá-la pela região, chamando-a pelo nome. Depois <strong>de</strong> um dia inteiro <strong>de</strong><br />
incessante procura, ouvindo <strong>Garibaldi</strong> a chamá-la, reencontrou-se o casal.<br />
Graças a sua coragem e <strong>de</strong>terminação, <strong>Anita</strong> e seu pequeno filho, ilesos,<br />
salvaram-se da vindita do inimigo.<br />
Na mesma carta en<strong>de</strong>reçada à sua irmã em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1840, <strong>Anita</strong> conta o<br />
ocorrido :<br />
"... Por amor a ele, acho que eu po<strong>de</strong>ria viver em casa por um certo tempo,<br />
como em Laguna, quando eu era menina, com toda aquela gente miúda à<br />
minha volta. Mas seria contra a minha natureza, porque tenho necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> espaço, <strong>de</strong> movimento, <strong>de</strong> justificar <strong>de</strong> algum modo a minha existência....<br />
acho que os filhos precisam do pai e da mãe, mas o quanto antes <strong>de</strong>vem<br />
tornar-se in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e capazes <strong>de</strong> sobreviver.... Suas aventuras já<br />
começaram, embora ele não perceba nada. Algum dia, ele vai se divertir<br />
quando eu lhe contar essas histórias. Imagine que apenas doze dias <strong>de</strong>pois<br />
da sua chegada a este mundo ele quase foi capturado e morto por Moringue.<br />
Você sabe que fama <strong>de</strong> comandante cruel tem esse homem!<br />
página 178/178