Livro de Anita Garibaldi - Nereu Moura
Livro de Anita Garibaldi - Nereu Moura
Livro de Anita Garibaldi - Nereu Moura
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Anita</strong> <strong>Garibaldi</strong> A Guerreira das REPÚBLICAs– Adílcio Cadorin<br />
Biblioteca Virtual da Página do Gaúcho - www.paginadogaucho.com.br<br />
Bassi, que com ela conversou <strong>de</strong>moradamente, que sem outra coisa pu<strong>de</strong>sse<br />
fazer, limitando-se a ampara-la e a escrever uma carta que ela lhe ditou. Foi<br />
sua última carta!<br />
Eram passadas das oito horas da manhã do dia dois <strong>de</strong> agosto, quando<br />
atingiram o alto mar. Estavam distante aproximadamente cento e cinqüenta<br />
quilômetros <strong>de</strong> Veneza. O barco em que <strong>Anita</strong> e <strong>Garibaldi</strong> estavam era<br />
chamado <strong>de</strong> Passatempo. Ao todo levava onze passageiros, além da<br />
tripulação formada por mais oito pescadores. Junto a eles estava o Padre Ugo<br />
Bassi e mais alguns fies seguidores. Também os acompanhou o Major<br />
Leggero, que seria o <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro companheiro <strong>de</strong> <strong>Anita</strong>, além <strong>de</strong> <strong>Garibaldi</strong>.<br />
Foi um fiel ajudante que <strong>Garibaldi</strong> conheceu ainda no Rio <strong>de</strong> Janeiro e<br />
<strong>de</strong>pois o encontrou no Uruguai, acompanhando-o na viagem <strong>de</strong> volta à Itália.<br />
Durante a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Roma tinha sido ferido e quando <strong>Garibaldi</strong> retirou-se,<br />
ficou hospitalizado. Tão logo recuperou-se, seguiu-o e o encontrou as<br />
vésperas <strong>de</strong> abandonar as muralhas <strong>de</strong> San Marino.<br />
No afã <strong>de</strong> zarpar o mais <strong>de</strong>pressa possível, levaram pouca provisão,<br />
faltando-lhes água potável. <strong>Anita</strong> ficou <strong>de</strong>itada sobre algumas cordas e<br />
velames. Ar<strong>de</strong>u <strong>de</strong> febre, solicitando água a todo instante. Durante todo o dia<br />
velejaram sem que houvesse um único inci<strong>de</strong>nte ou contratempo, com<br />
exceção da falta <strong>de</strong> água, que todos tinham renunciado para que não faltasse<br />
à <strong>Anita</strong>. Assim mesmo faltou! A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong>ste enorme sofrimento, na noite<br />
que ficou no cais <strong>de</strong> Cesanatico, encontrou forças para ditar ao Padre Ugo<br />
Basi sua <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira carta, en<strong>de</strong>reçada à sua irmã:<br />
"Cesanatico, 2 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1849. Querida irmã: Estou estendida no chão,<br />
exausta, no cais do porto <strong>de</strong> Cesenatico, com as costas apoiadas em sacos<br />
<strong>de</strong> tela e quem está lhe escrevendo por mim é o padre Bassi, em italiano. De<br />
algum jeito você vai conseguir enten<strong>de</strong>r, talvez com a ajuda <strong>de</strong> algum<br />
exilado no Rio. Preciso <strong>de</strong> ajuda para lhe escrever porque, pela primeira<br />
vez na vida, estou tão fraca que a minha vista ficou nublada. Estou com<br />
medo, sim, acho mesmo que meu fim está próximo. Gostaria pelo menos <strong>de</strong><br />
terminar a carta <strong>de</strong> Cetona para po<strong>de</strong>r entregá-la ao correio...Não sei lhe<br />
dizer por que estou me sentindo tão mal. Não tive nenhum ferimento, mas o<br />
mal-estar, ao invés <strong>de</strong> melhorar, piorou tanto que me reduziu a este triste<br />
página 254/254