EDPs - XVII Encontro Nacional de Geógrafos

Quarta-feira, 25 de julho de 2012
24 - Caderno de Programação
Atividades de Campo
Em várias edições do ENG, as atividades de campo foram um anexo sem a devida organicidade interna ao
encontro. Nesses casos, os registros do processo, desde a proposição até aos resultados, são inexistentes. Para
superar tal processo, propomos tornar as atividades de campo integradas ao evento, garantir o registro de
seu processo e sugerir formas outras no contato com o empírico. Longe de pautar as proposições, esperamos
que tais ementas contribuam criticamente na elaboração das atividades e, portanto, possam ser superadas no
processo de seu desenvolvimento.
Propomos também a ampliação da noção de trabalhos de campo para atividades de campo, incluindo aí todas
as possibilidades de exercício da mobilidade teórica e empírica na produção do conhecimento. Trata-se,
portanto, de acolher como proposições atividades que abarquem desde os campos em seus formatos clássicos
até formulações como derivas, incursões, passeios e flanâncias, por exemplo.
Dada a importância das atividades de campo para a compreensão da realidade, buscaremos realizar um número
de atividades de campo que contemplem a diversidade dos processos espaciais no território mineiro e
a resistência frente à expropriação capitalista.
1 - Cartografias do Baixo Centro: contribuições da psicogeografia para o estudo
da cultura
Milton Carvalho Moreira Júnior - Geógrafo
Ementa: A expressão Baixo Centro inspira-se na maneira como algumas metrópoles brasileiras designam recortes
do espaço urbano marcadas pela centralidade histórica e que, no processo de reestruturação produtiva
próprio da metropolização, configuram-se pelo maior vínculo ao popular, ao ilegal, à informalidade, concentrando
o comércio de bens e serviços mais acessíveis à população em geral. Em Belo Horizonte, o Baixo
Centro manifesta-se em certas ruas e quarteirões da região central mais baixa, que outrora constituía a várzea
do rio Arrudas. Bares, boates, centros de prostituição e comercialização de drogas, shoppings-populares,
igrejas diversas e construções que se deterioram pela falta de uso misturam-se ao que trato como diferença:
sujeitos que expressam a diferença em práticas sociais desviadas (os loucos, errantes, viciados, mendigos...);
conformando o que a política institucional coloca em seus planos e programas como um espaço social degradado
no qual a “cultura” tem importante papel nos processos colocados como revitalização e requalificação
urbana. Dessa forma, tal proposta de atividade de campo objetiva práticas que questionem o Baixo Centro
como espaço abstrato adjetivado pela noção do degradado e que se supõe superar-se pela “cultura”. Trata-
-se de práticas situacionistas que vêm sendo discutidas por um movimento coletivo que por hora intitula-se
Movimento Psicotrópicos e levadas a cabo pela possibilidade de deriva. A lógica da deriva é a lógica do jogo:
andar por ambiências variadas, a fim de perceber os gestos contidos no espaço e as situações de uso que
comporta tal cenário de jogo. Reconhecer os lugares implica explorá-los, procurar esgotá-los em experiência.
A construção lúdica de cartografias do Baixo Centro refere-se a este como um ambiente ilimitado para o despertar
de novos afetos. Esses são elementos cruciais que se pretende representar pela linguagem cartográfica
do mapa, uma espécie de cartografia dos sentidos, dos desejos, despertados pela experiência do lugar. É das
experiências dessas práticas que intervêm no espaço, da recepção da arte, de sua função comunicativa e de
seu conteúdo político, que parte a descrição psicogeográfica pretendida como cartografias do Baixo Centro.
A partir delas podemos aclarar o debate acerca da possibilidade de uma cultura do Baixo Centro.
Roteiro: Saída as 9h00 no Viaduto Santa Tereza. Deriva pelo “Baixo Centro” de Belo Horizonte.
Reunião preparatória as 17h, dia 23/07 - Praça de Serviços da UFMG
2 - Circuito do Conhecimento – Espaço, Cidade e Museu
Maria de Fátima Almeida Martins, Danielle Gregole Colucci, Eduardo Maia, Alessandra Bernardes, Fernando
Conde, Alida Alves, Maria Aparecida Guatimosim, Charles Cunha, Mauro de Jesus, Carla Juscelia Souza, Ana
Maria Simões Coelho, Paulo Felipe Lopes de Carvalho e Antoniel Assis de OIiveira – Grupo GeoFae – Geografia,
Educação e Modernidade
XVII Encontro Nacional de Geógrafos