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GESTÃO DE RESÍDUOS - Revista Visão Ambiental

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VISÃO POLÍTICA<br />

Laércio Benko Lopes<br />

E-Trash: um problema muito<br />

sério sem a devida atenção<br />

O lixo eletrônico constitui o problema de<br />

coleta de resíduos de maior crescimento no<br />

mundo. Desde a China continental até regiões<br />

da Índia, Paquistão e principalmente o Brasil, em<br />

rápido processo de industrialização, uma ampla<br />

gama de aparelhos está sendo produzida e destinada<br />

em condições que colocam em perigo a<br />

saúde dos trabalhadores, suas comunidades e o<br />

meio ambiente. A maior parte dos componentes<br />

destes aparelhos, na maioria das vezes, não é<br />

recuperada e vendida para sua reutilização.<br />

Manuseada como lixo normal, seu destino é<br />

o lixão, e o meio ambiente ao seu redor fica<br />

exposto aos perigos provenientes do contato<br />

com metais pesados como mercúrio, chumbo,<br />

berílio, cádmio e bromato, que deixam resíduos<br />

letais no corpo, solo e cursos de água.<br />

Trata-se de um tipo de reciclagem que não<br />

é exatamente o que os consumidores têm em<br />

mente quando depositam seus computadores<br />

no lixão local. Os especialistas industriais dizem<br />

que entre 50% e 80% do lixo eletrônico coletado<br />

para reciclagem acaba em navios que se dirigem<br />

aos lixões de lixo eletrônico da Ásia, onde seus<br />

componentes tóxicos vão parar em correntes<br />

sanguíneas e cursos de água.<br />

Os governos e as companhias eletrônicas<br />

conhecem há muito tempo os perigosos efeitos<br />

desta reciclagem, como já assinalava em 1989 a<br />

redação da Convenção da Basileia, um tratado<br />

internacional que se ocupa do comércio mundial<br />

de resíduos tóxicos. Em 1994, esse tratado<br />

foi reforçado para proibir a exportação de todo<br />

lixo tóxico dos países ricos para as nações pobres,<br />

inclusive com o propósito de reciclá-los.<br />

O único país desenvolvido que se recusou<br />

a ratificar a Convenção da Basileia foram<br />

os Estados Unidos. Agora, como no caso de<br />

muitos acordos globais, o restante do mundo<br />

deixou de esperar que Washington conduza<br />

o processo para reduzir os perigos derivados<br />

do lixo eletrônico e tomou a iniciativa em suas<br />

mãos. A União Europeia, por exemplo, já colocou<br />

em vigor a Convenção da Basileia e proíbe<br />

em todos os casos a exportação de lixo perigoso<br />

para os países em desenvolvimento. E,<br />

mais importante ainda, a UE prepara uma série<br />

de regras que incluem a exigência de que as<br />

indústrias eletrônicas que venderem aos 25<br />

integrantes do bloco assumam a responsabilidade<br />

por todo o ciclo de vida de seus produtos.<br />

Soluções existem várias, porém, a mais sensata<br />

seria que tanto os fabricantes quanto os consumidores<br />

pensassem em seus computadores<br />

e outros aparelhos<br />

eletrônicos não tanto<br />

como produtos<br />

para serem vendidos<br />

e comprados,<br />

mas como serviços<br />

a serem utilizados<br />

d u r a n t e t e m p o<br />

mais prolongado do<br />

que os atuais. Mas o<br />

que aconteceria se<br />

comprássemos dos fabricantes “caixas” básicas<br />

contendo os componentes centrais e que,<br />

por sua vez, os produtores, como parte de um<br />

acordo de serviço a longo prazo, garantissem a<br />

manutenção regular da máquina e instalassem<br />

nela dispositivos mais modernos quando estes<br />

estiverem disponíveis? A “expectativa de<br />

vida” dos computadores se estenderia,<br />

então, para cinco anos ou<br />

mais. Para adotar tal enfoque seria<br />

necessário adiar indefinidamente<br />

a estratégia de sobrevivência dos<br />

fabricantes de planejar a obsolescência<br />

a curto prazo de<br />

seus produtos e<br />

de condicionar<br />

a preferência<br />

dos consumidores<br />

por incessantesnovidades<br />

em seus<br />

equipamentos<br />

eletrônicos.<br />

Divulgação<br />

Os especialistas industriais dizem que<br />

entre 50% e 80% do lixo eletrônico<br />

coletado para reciclagem acaba em<br />

barcos que se dirigem aos lixões de<br />

lixo eletrônico da Ásia, onde seus<br />

componentes tóxicos vão parar em<br />

correntes sanguíneas e cursos de água<br />

LAÉRCIO BENKO LOPES<br />

é advogado tributarista<br />

e dirigente regional do<br />

Partido Verde<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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