VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009 28 MEIO AMBIENTE Pau para toda (e qualquer) obra Madeiras certificadas e de demolição são alternativas de sucesso contra o desmatamento frente à escassez de recursos naturais Por Tais Castilho O Brasil sempre aparece com destaque no noticiário quando se trata de desmatamento de florestas e de um certo descaso com os recursos naturais. Segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), só o desmatamento na Amazônia já acabou com mais de 26 espécies de vida e ameaça outras 644. Lá ainda consta que, até o ano de 2006, a floresta já tinha perdido uma área equivalente à da Venezuela. “Isso significa que os protagonistas amazônicos não conseguiram imaginar um futuro no qual as políticas públicas, o mercado, a ciência e a tecnologia se desenvolvam, simultaneamente, de uma maneira suficientemente positiva de forma a promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, diz o documento. O relatório ainda cita previsão feita em outro estudo de que 60% da Amazônia pode se transformar em savana ainda neste século. O <strong>DE</strong>SMATAMENTO NO BRASIL É interessante notar que nosso país foi batizado com nome de uma árvore. No século XVI, logo que os portugueses começaram a explorar a terra recém-descoberta, viram uma fonte de lucratividade no pau-brasil. A madeira servia para a confecção de móveis e instrumentos musicais; a seiva avermelhada, para tingir tecidos. Desde então, o desmatamento em nosso país é constante. Da mata atlântica, por exemplo, hoje restam aproximadamente 9% da área que ocupava há quinhentos anos. O desmatamento existe nos quatro cantos do País e vários são os motivos para essa tragédia ambiental: a derrubada de árvores para a confecção de móveis e inúmeros outros fins, as frentes agrícolas (desmatamento para fins de pastagem e plantações), as queimadas e incêndios e, por fim, o crescimento das cidades (crescimento populacional, construção de condomínios residenciais e polos industriais, construção de rodovias para escoamento de produtos etc.). Por outro lado, é fato que, atualmente, instituições públicas, privadas e não governamentais estão mais atentas aos problemas resultantes do desmatamento, e unem forças para diminuir os impactos sobre a natureza. Tanto que as políticas públicas e as constantes iniciativas dos outros dois participantes estão conseguindo desacelerar o ritmo da derrubada de árvores. Ou seja, a destruição de florestas e áreas verdes tem acontecido com menor frequência. MA<strong>DE</strong>IRA DO BEM A certificação florestal tem o objetivo de garantir que a madeira utilizada em qualquer produto ou empreendimento venha de um processo produtivo ecologicamente adequado, socialmente justo e economicamente viável. E, logicamente, dentro das leis vigentes. A certificação garante a origem da madeira dentro dos mais rigorosos padrões de legalidade ambiental. O FSC é hoje o selo verde mais reconhecido do mundo em relação ao manejo sustentável de madeira e atua em mais de 75 países. A sigla quer dizer: Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal), uma organização internacional sem fins lucrativos, criada em 1993 por entidades de várias partes do mundo, que tem como meta diminuir a exploração predatória e a degradação de florestas. Para tanto, elaborou critérios capazes de avaliar se os empreendimentos florestais realizam um manejo florestal responsável, considerando aspectos ambientais, sociais e econômicos. Atualmente, o FSC está sediado em Bonn, na Alemanha, e possui representações em mais de 46 países.
Madeira Certificada X Madeira Ilegal Entenda as diferenças Infográfico: WWF-Brasil / Talita Ferreira VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009 29