A natureza da moral de Hume - CFH
A natureza da moral de Hume - CFH
A natureza da moral de Hume - CFH
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
consi<strong>de</strong>rava-se que os princípios para a vi<strong>da</strong> pública eram acessíveis à<br />
razão humana in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> revelação. Sustentava-se que as<br />
normas morais faziam parte <strong>da</strong> <strong>natureza</strong> a fim <strong>de</strong> explicar a objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a<br />
justificabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos juízos morais. Entretanto, a idéia <strong>de</strong> uma objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>moral</strong> na <strong>natureza</strong> não foi manti<strong>da</strong> pelos filósofos mo<strong>de</strong>rnos do direito<br />
natural, como o holandês Hugo Grotius (1583-1645) e o alemão Samuel<br />
Pufendorf (1632-94).<br />
O pensamento <strong>moral</strong> do século XVII partiu <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> lei natural<br />
clássica, mas a alterou profun<strong>da</strong>mente. O jusnaturalismo mo<strong>de</strong>rno começou<br />
com a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> que os indivíduos são capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar seus<br />
próprios propósitos, e que a <strong>moral</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> compreen<strong>de</strong> as condições sob as<br />
quais estes po<strong>de</strong>m melhor ser perseguidos. Esses pensadores<br />
consi<strong>de</strong>ravam que as obrigações e os direitos morais eram criados nas<br />
comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas; enfatizavam a noção <strong>de</strong> que a lei que governa<br />
nossos inter-relacionamentos em socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> certos aspectos<br />
marcantes <strong>da</strong> <strong>natureza</strong> humana, em especial, <strong>da</strong> tendência para perseguir o<br />
bem-estar pessoal e <strong>de</strong> uma inclinação natural para a sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. E, uma<br />
vez que consi<strong>de</strong>ravam que a ética era uma característica exclusiva <strong>da</strong><br />
<strong>natureza</strong> humana, acreditavam que o seu estudo <strong>de</strong>veria basear-se num<br />
estudo <strong>da</strong> <strong>natureza</strong> humana. A partir <strong>de</strong>sse estudo, <strong>de</strong>sejavam <strong>de</strong>senvolver<br />
normas seguras para a <strong>moral</strong> e para a política, que transcen<strong>de</strong>ssem os<br />
costumes e as tradições locais, superando assim posições céticas e<br />
relativistas como a <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong> por Montaigne. Eles se referiam a essas<br />
normas como leis <strong>da</strong> <strong>natureza</strong>. As normas relativas à proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> e as<br />
normas do direito e justiça internacionais estavam entre as mais importantes<br />
normas discuti<strong>da</strong>s. O objetivo <strong>de</strong>ssas teorias era atingir o consenso, a<br />
universali<strong>da</strong><strong>de</strong> e guias morais práticos para socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s que, sem leis para<br />
governá-las, permaneceriam completamente dividi<strong>da</strong>s. A busca <strong>da</strong><br />
universali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> no que diz respeito aos juízos morais era<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mental para se resolver os diversos conflitos <strong>de</strong> interesses<br />
presentes nas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s e nas relações internacionais. Alguns autores<br />
enfatizaram os direitos que to<strong>da</strong>s as pessoas possuem, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />
⎯ 20 ⎯