28.04.2013 Views

A natureza da moral de Hume - CFH

A natureza da moral de Hume - CFH

A natureza da moral de Hume - CFH

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Clarke se opõe à tese voluntarista <strong>de</strong> acordo com a qual as<br />

obrigações morais têm origem na vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, insistindo que tanto as<br />

relações e ‘a<strong>de</strong>quações’ e subseqüentes obrigações são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong><br />

or<strong>de</strong>m divina. Um tal voluntarismo seria incompatível com a <strong>natureza</strong><br />

necessária e eterna <strong>da</strong>s obrigações morais, <strong>da</strong>do que as tornaria<br />

contingentes à <strong>de</strong>cisão divina; uma <strong>de</strong>cisão que não po<strong>de</strong>ria, sem<br />

circulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, ser <strong>moral</strong>mente avalia<strong>da</strong>. A posição <strong>de</strong> Clarke é que Deus,<br />

sendo onisciente e benevolente, percebe e age necessariamente <strong>de</strong> acordo<br />

com estas obrigações <strong>da</strong> razão; e o que Deus necessariamente faz, nós<br />

<strong>de</strong>vemos fazer.<br />

“Essas eternas e necessárias diferenças <strong>de</strong> coisas tornam a<strong>de</strong>quado e<br />

razoável que as criaturas assim ajam; fazem <strong>de</strong>las o seu <strong>de</strong>ver ou põe-nas<br />

na obrigação <strong>de</strong> assim agir, mesmo separa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que<br />

essas regras são a vonta<strong>de</strong> positiva ou man<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> Deus; e também<br />

são antece<strong>de</strong>ntes a qualquer vantagem ou <strong>de</strong>svantagem, recompensa ou<br />

punição <strong>de</strong> <strong>natureza</strong> pessoal e particular, presente ou futura, incorpora<strong>da</strong><br />

por conseqüência natural, ou por <strong>de</strong>signação positiva, à prática ou<br />

negligência <strong>de</strong>ssas regras” (Clarke, in: Raphael, 225) 19 .<br />

De acordo com a abor<strong>da</strong>gem racionalista <strong>da</strong> <strong>moral</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> ofereci<strong>da</strong> por<br />

Samuel Clarke, julgamos racionalmente a a<strong>de</strong>quação ou ina<strong>de</strong>quação <strong>de</strong><br />

nossas ações por referência a relações morais eternas. Para Clarke o<br />

<strong>moral</strong>mente certo e o errado consistem em certas relações formais. Ele<br />

explica que: “a razão que obriga todo homem na prática a tratar com um<br />

outro do mesmo modo que razoavelmente espera que os <strong>de</strong>mais tratem com<br />

ele em circunstâncias análogas é a mesma que o força a afirmar, no plano<br />

<strong>da</strong> especulação, que se uma linha ou número é igual a uma outra, essa<br />

19 “That is, these eternal and necessary differences of things make it fit and reasonable for<br />

Creatures so to act; they cause it to be their Duty, or lay an Obligation upon them, so to<br />

do, even separate from the consi<strong>de</strong>ration of these Rules being the positive Will or<br />

Command of God, and also antece<strong>de</strong>nt to any respect or regard, expectation or<br />

apprehension, of any particular private and personal Advantage or Disadvantage,<br />

Reward or Punishment, either present or future, annexed either by natural consequence,<br />

or by positive appointment, to the practising or neglecting of those Rules.”<br />

⎯ 32 ⎯

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!