sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina
sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina
sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Fiquei quase uma hora naquela banheira do sétimo andar <strong>de</strong>sse hotel só<br />
para mulheres, acima da confusão e do barulho <strong>de</strong> Nova York, e senti que<br />
estava me purificando. Não acredito em batismo, nem mesmo nas águas do<br />
rio Jordão, nem em nada parecido, mas o banho quente é para mim mais ou<br />
menos como aquela água sagrada para os crentes. 40<br />
De suas frustrações pessoais às críticas Esther vai conhecendo suas amigas <strong>de</strong><br />
confinamento e à medida que as conhece, associa seus nomes a apelidos ou supostos<br />
pseudônimos e também percebe nos nomes das amigas e <strong>de</strong>pois dos amigos os<br />
<strong>de</strong>sdobramentos <strong>de</strong> algumas letras em seus nomes, incluse a própria Esther<br />
Greenwood, Jay Cee, Katy Gibbs, Doreen, Maggie, Larry, tia Libby, Joan Gilling.<br />
Betsy era a ―Princesa da Primavera‖ 41 [sem grifo no original], ―Betsy estava sempre<br />
me pedindo para fazer coisas com ela e as outras garotas, como se estivesse tentando<br />
nos salvar. Mas nunca convidava Doreen. Quando Betsy não estava por perto,<br />
Doreen, chamava-a <strong>de</strong> Vaqueira Poliana‖ 42 [sem grifo no original]. Havia também<br />
uma aluno <strong>de</strong> Yale, Buddy Willard, ―que tinha <strong>de</strong> errado mesmo era ser cretino‖ 43<br />
[sem grifo no original]. Outro rapaz era Frankie, ―era o tipo <strong>de</strong> sujeito que eu não<br />
suporto‖ 44 [sem grifo no original]. Esther fala <strong>de</strong>sse sujeito em tom pejorativo, pois<br />
era um homem baixo em estatura. Todos estão em um barzinho, sentados,<br />
conversando quando Esther percebe outro homem e pergunta:<br />
— Você faz o quê? — perguntei ao homem para quebrar o silêncio que me<br />
ro<strong>de</strong>ava por todo lado, espesso como vegetação na selva — Quer dizer, o<br />
que você faz aqui em Nova York? Devagar e parecendo fazer um gran<strong>de</strong><br />
esforço, o homem tirou os olhos dos ombros <strong>de</strong> Doreen.<br />
— Sou disc-jóquei — disse. — Com certeza você me conhece. Meu nome<br />
é Lenny Shepherd.<br />
— Eu conheço — disse Doreen, <strong>de</strong> repente.<br />
— Que bom, meu bem — disse o homem e <strong>de</strong>u uma risada. — Isso já<br />
ajuda. Sou famoso à beça. Aí Lenny Shepherd <strong>de</strong>u uma longa olhada para<br />
Frankie.<br />
— De on<strong>de</strong> você é? – perguntou Frankie, sentando imediatamente. — Como<br />
se chama?<br />
40 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. I<strong>de</strong>m. 1999, p.27.<br />
41 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p.12.<br />
42 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p.13.<br />
43 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. I<strong>de</strong>m, 1999, p.13.<br />
44 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p.15.