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sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina

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e, <strong>de</strong>ssa forma, o mesmo perspassa no tempo e no espaço, sobrevive e reinventa <strong>de</strong><br />

tempos em tempos.<br />

Há no duplo um <strong>de</strong>sdobramento em outros duplos, como os gêmeos, os sósias,<br />

usurpadores, a sombra, o retrato, a imagem e o reflexo, o espelho, a máscara e o<br />

pseudônimo. Dessa forma, trabalhamos também com o duplo sob várias dimensões,<br />

pois como observa Rank, ―o duplo habita no homem como um hóspe<strong>de</strong> estranho, um<br />

débil Duplo (sua outra Personalida<strong>de</strong> sob a forma <strong>de</strong> sua psiqué) cujo reino é o país<br />

dos sonhos. Quando a Personalida<strong>de</strong> consciente adormece, o Duplo trabalha e vela.<br />

Tal imagem, refletindo a Personagem visível e constituindo a segunda<br />

Personalida<strong>de</strong>‖. 139<br />

O duplo em si é carregado o ato reflexivo, ou seja, <strong>de</strong> especular, quando visto<br />

através do reflexo torna-se duvidoso, enganador, atrai seu observador <strong>de</strong> forma<br />

perversa inversamente à daquele que se vê duplicado, isso nos remeteu ao mito <strong>de</strong><br />

Narciso, o mesmo que foi atraído pela própria imagem refletida em um espelho<br />

d‘água e que culminou em sua trágica morte.<br />

É nesse âmbito que o duplo e seu real se <strong>de</strong>batem, a imagem e o reflexo<br />

ganham contornos <strong>de</strong> terror, pois o observador sabe que aquele que lhe observava é o<br />

inverso do seu real. Demos esses exemplos ao ilustrar nosso trabalho com Poe e<br />

Stevenson, que trabalharam com a literatura noir, mas que conseguem fazer essa<br />

ponte entre os reais e seus duplos sob variadas formas, assim como fez Sylvia Plath<br />

no romance. Ao analisarmos estes autores, percebemos que suas personagens são<br />

produto <strong>de</strong> um só, ou seja, trata-se <strong>de</strong> um e seu duplo. Neste caso, Keppler caracteriza<br />

o duplo como: ―Uma parte não apreendida pela imagem <strong>de</strong> SI que tem o EU, ou por<br />

ela excluída, daí seu caráter <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> e antagonismo. Trata-se das duas faces<br />

139 HOMERO apud RANK, Otto. O duplo. Op. cit., 1939, p. 97.

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