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sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina

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Esther é ru<strong>de</strong>, é crítica consigo mesma, irônica, ríspida e <strong>de</strong>selegante, mas leitores não<br />

levem isso em consi<strong>de</strong>ração. São as múltiplas personalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Esther agindo num só<br />

EU. Esther é múltipla. Citamos:<br />

— Tem uma visita para você. [...] — Não quero visita. [...] — Ele gostaria<br />

muito <strong>de</strong> vê-la. Olhei as pernas amarelas, parecendo dois gravetos saindo<br />

do estranho pijama <strong>de</strong> seda branco que me vestiram. Quando me mexi, a<br />

pele balançou flácida, como se as pernas não tivessem um só músculo e<br />

fossem cobertas só por uma penugem negra e espessa. [...] Aí a enfermeira<br />

saiu e um rapaz muito gentil entrou e perguntou: — Você se importa se eu<br />

sentar na beira da cama? [..] Pensei em cobrir minhas pernas se alguém<br />

entrasse no quarto, mas agora era tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixei-as como estavam,<br />

horrorosas. „Sou assim. É assim que sou‟, pensei. [...] — Lembra <strong>de</strong><br />

mim, não, Esther? [...] — Sou George Bakewell. [...] Achei que tinha<br />

localizado a cara do rapaz. Ele pairava vagamente no fundo da minha<br />

memória — o tipo <strong>de</strong> cara que eu jamais ligaria a um nome. — O que você<br />

está fazendo aqui? – perguntei — Sou médico-resi<strong>de</strong>nte neste hospital.<br />

Como é que esse Georg Bakewell podia ter virado médico tão <strong>de</strong> repente?<br />

Fiquei pensando. E ele não me conhecia. Só queria ver que cara tinha uma<br />

garota suficientemente doida para se matar. Virei o rosto para a pare<strong>de</strong>. —<br />

Saia. Vá para o inferno e não volte — disse eu. 135 [sem grifo no original]<br />

Com o findar <strong>de</strong>ssa análise seguimos com as consi<strong>de</strong>rações finais.<br />

135 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p.189-191.

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