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sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina

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forma, o dibuk aqui passa a ser um <strong>de</strong>sdobramento do duplo atestado nesta citação.<br />

Outro momento do <strong>de</strong>sdobramento do duplo no romance aparece sob a forma<br />

dos gêmeos. Esther estava escrevendo sua tese enquanto estava a<strong>de</strong>quando um espaço<br />

em sua agenda escolar para apren<strong>de</strong>r língua e outros cursos:<br />

Eu estava fazendo um daqueles cursos que ensinam alunos esforçados a<br />

pensar com autonomia e, quando não estivesse num curso sobre Tolstoi e<br />

Dostoievski e num seminário sobre composição poética avançada, passaria<br />

o resto do tempo escrevendo sobre algum tema obscuro na obra <strong>de</strong> James<br />

Joyce. Ainda não tinha escolhido o tema da dissertação porque não tinha<br />

tido tempo <strong>de</strong> ler Finnegans Wake, mas o professor estava muito<br />

interessado na minha tese e prometeu me dar alguma orientação sobre<br />

símbolos relacionados com gêmeos. [...] As pessoas iam gostar <strong>de</strong> mim<br />

porque eu tinha um jeito suave e <strong>de</strong>licado. Não iam ficar insistindo para eu<br />

ler livros e escrever longos ensaios sobre os gêmeos na obra <strong>de</strong> James<br />

Joyce. 68 [sem grifos no original]<br />

Esther cita sua dissertação e que ainda não havia escolhido o tema, mas seria<br />

algo obscuro, assim como o tema dos gêmeos. Esther também cita que estava fazendo<br />

curso sobre Dostoievski, sabe-se que um romance <strong>de</strong> Dostoievski tem como título Os<br />

Irmãos Karamazov, e que ainda estava insatisfeita por ter que ler ou fazer ensaios<br />

sobre gêmeos. O que se quer <strong>de</strong>ixar claro aqui é o que Esther diz: ―tema obscuro‖ e<br />

<strong>de</strong>ntro dos aspectos do duplo e seus <strong>de</strong>sdobramentos os gêmeos fazem parte <strong>de</strong>sse<br />

contexto e, <strong>de</strong> fato, são obscuros, usurpadores, sósias. Talvez a tese <strong>de</strong> Esther<br />

<strong>de</strong>saguasse nessa esfera.<br />

Esther é acomentida <strong>de</strong> insônia e é medicada pelo seu psiquiatra, por alguma<br />

fissura ainda <strong>de</strong> seus temores e <strong>de</strong>sajustes sociais e mentais ela quer se livrar da<br />

personalida<strong>de</strong> que acredita não fazer sucesso com os rapazes. Depois da consulta<br />

Esther sai caminhando pelas calçadas até encontrar um marinheiro que lhe pergunta<br />

seu nome, e <strong>de</strong> súbito ela diz:<br />

— Elly Higginbottom. O marinheiro parou do meu lado e eu sorri.<br />

— De on<strong>de</strong> você é. Elly?<br />

68 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p. 40 e 147.

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