30.04.2013 Views

sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina

sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina

sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

explorado e floresceu na Literatura Romântica Alemã no século XVIII 8 , porém, esse<br />

assunto já se manifestava na literatura clássica <strong>de</strong> Sófocles, em Édipo Rei,<br />

atravessando os séculos. O duplo é um transeunte não só na antiguida<strong>de</strong> clássica<br />

como também nas civilizações primitivas, antigos folclores, nas lendas nórdicas, no<br />

período renascentista e, <strong>de</strong>ssa forma, o mesmo perspassa no tempo e no espaço,<br />

sobrevive e [re] aparece <strong>de</strong> tempos em tempos. 9<br />

Há no duplo um <strong>de</strong>sdobramento em outros duplos, como os gêmeos, os sósias,<br />

os usurpadores, a sombra, o retrato, a imagem e o reflexo, o espelho, a máscara e o<br />

pseudônimo. Dessa forma, o objetivo secundário <strong>de</strong>sta pesquisa é trabalhar com o<br />

duplo sob várias dimensões, pois como observa Rank, ―o duplo habita no homem<br />

como um hóspe<strong>de</strong> estranho, um débil Duplo (sua outra Personalida<strong>de</strong> sob a forma <strong>de</strong><br />

sua psiqué) cujo reino é o país dos sonhos. Quando a Personalida<strong>de</strong> consciente<br />

adormece, o Duplo trabalha e vela. Tal imagem, refletindo a Personagem visível e<br />

constituindo a segunda Personalida<strong>de</strong>‖. 10 O duplo em si permeia o ato reflexivo <strong>de</strong><br />

especular, quando visto através do reflexo torna-se duvidoso, enganador, atrai seu<br />

observador <strong>de</strong> forma perversa inversamente àquele que se vê duplicado, isso nos<br />

remete ao mito <strong>de</strong> Narciso, que foi atraído pela própria imagem refletida em um<br />

espelho d‘água e que culminou em sua trágica morte. É nesse âmbito que o duplo e<br />

seu real se <strong>de</strong>batem, a imagem e o reflexo ganham contornos <strong>de</strong> terror, pois o<br />

observador sabe que aquele que lhe observava é o inverso do seu real. Autores como<br />

Poe 11 , Stevenson 12 e Plath 13 conseguem fazer essa ponte entre os reais e seus duplos<br />

8 RANK, Otto. O duplo. Tradução <strong>de</strong> Mary B. Lee. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Brasílica, 1939. p. 7.<br />

9 Até nos meios virtuais ele retorna como forma <strong>de</strong> uma dupla personalida<strong>de</strong> que o mundo virtual<br />

possibilitou, seja em Perfis <strong>de</strong> Avatares, jogos como The Second Life, The Sims, on<strong>de</strong> o usuário se<br />

transporta para uma realida<strong>de</strong> virtual, assim também como internautas usam perfis fakes para ter uma<br />

outra i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> na re<strong>de</strong>.<br />

10 HOMERO apud RANK, Otto. O duplo. Op. cit., 1939, p. 97.<br />

11 POE, Edgar Allan. Histórias Extraordinárias. Tradução <strong>de</strong> Brenno Silveira e outros. São Paulo:<br />

Nova Cultural, 2003.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!