L. NEILMORIS - Portal Luz Espírita
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73 – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO<br />
suportá-los. Enfrentem os desafios com firmeza, pois eles duram pouco e os<br />
conduzirão à companhia dos amigos por quem choram e que, jubilosos por vê-los de<br />
novo entre eles, estenderão os braços, a fim de guiá-los a uma região inacessível às<br />
aflições da Terra.<br />
François de Genève (Bordéus)<br />
PROVAS VOLUNTÁRIAS. O VERDADEIRO CILÍCIO<br />
26. Perguntam se é justo ao homem abrandar suas próprias provas. Essa questão<br />
equivale a esta outra: Àquele que se afoga, é permitido cuidar de salvar-se? É<br />
permitido àquele em quem um espinho entrou, retirá-lo? Ao que está doente, chamar<br />
o médico? As provas têm por fim exercitar a inteligência, tanto quanto a paciência e<br />
a resignação. Pode dar-se que um homem nasça em posição penosa e difícil,<br />
precisamente para se ver obrigado a procurar meios de vencer as dificuldades. O<br />
mérito consiste em sofrer, sem murmurar, as consequências dos males que lhe não<br />
seja possível evitar, em perseverar na luta, em se não desesperar, se não é bemsucedido;<br />
nunca, porém, numa negligência, que seria mais preguiça do que virtude.<br />
Essa questão dá lugar naturalmente a outra. Pois, se Jesus disse: ―Bemaventurados<br />
os aflitos‖, haverá mérito em alguém procurar aflições que lhe<br />
aumentem as provas por meio de sofrimentos voluntários? A isso responderei muito<br />
positivamente: sim, há grande mérito quando os sofrimentos e as privações tem o<br />
objetivo do bem do próximo, pois é a caridade pelo sacrifício; não, quando os<br />
sofrimentos e as privações somente objetivam o bem daquele que a si mesmo as<br />
inflige, porque aí só há egoísmo por fanatismo.<br />
É preciso fazer aqui grande diferença: por respeito pessoal, contentem-se<br />
com as provas que Deus os manda e não lhes aumentem o volume, que por si só às<br />
vezes já é tão pesado; aceitem-nas sem lamentações e com fé, eis tudo o que Ele<br />
exige de vocês. Não enfraqueçam o seu corpo com punições inúteis e torturas sem<br />
objetivo, pois necessitam de todas as vossas forças para cumprirem a sua missão de<br />
trabalhar na Terra. Torturar e martirizar voluntariamente o corpo é ofender a lei de<br />
Deus, que dá meios de o sustentar e fortalecer. Enfraquecê-lo sem necessidade é um<br />
verdadeiro suicídio. Usem, mas não abusem, assim é a lei. O abuso das melhores<br />
coisas tem a sua punição nas consequências inevitáveis que acarreta.<br />
Muito diferente é o que ocorre, quando o homem impõe a si próprio<br />
sofrimentos para o alívio do seu próximo. Se suportarem o frio e a fome para<br />
aquecer e alimentar alguém que precise ser aquecido e alimentado e se o seu corpo<br />
disso se ressente, dessa forma fazem um sacrifício que Deus abençoa. Vocês que<br />
deixam os aposentos perfumados para irem à sarjeta imunda levar a consolação;<br />
vocês que sujam as mãos delicadas pensando chagas; vocês que se privam do sono<br />
para velar à cabeceira de um doente que apenas é seu irmão em Deus; enfim, vocês<br />
que gastam a vossa saúde na prática das boas obras, tenham em tudo isso o seu<br />
cilício 27 , verdadeiro e abençoado cilício, visto que os gozos do mundo não os<br />
27 Cilício: sacrifício, flagelo e tortura que se impõe a si mesmo como punição pelos próprios erros. Esse é<br />
o nome dado a certos objetos (semelhantes a braceletes, algemas e coletes cortantes) usados por certos<br />
religiosos para machucar o próprio corpo – N. E.