L. NEILMORIS - Portal Luz Espírita
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94 – Allan Kardec<br />
incessantemente a face de meu Pai que está nos céus, pois o Filho do homem veio salvar o<br />
que estava perdido. Se a sua mão ou o seu pé é objeto de escândalo para vocês, cortem e<br />
lancem-nos longe de vocês; melhor será que entrem na vida tendo um só pé ou uma só<br />
mão, do que terem dois e serem lançados no fogo eterno. Se o seu olho vos é objeto de<br />
escândalo, arranquem e lancem-no longe de vocês; melhor será que entrem na vida tendo<br />
um só olho, do que terem dois e serem jogados no fogo do inferno”.<br />
(MATEUS, 18:6 a 11; 5:29 e 30)<br />
12. No sentido vulgar, escândalo se diz de toda ação que de modo grave vá de<br />
encontro à moral ou à decência. O escândalo não está na ação em si mesma, mas na<br />
repercussão que possa ter. A palavra escândalo implica sempre a ideia de certo<br />
ruído. Muitas pessoas se contentam em evitar o escândalo, porque este lhes faria<br />
sofrer o orgulho, lhes acarretaria perda de consideração da parte dos homens. Desde<br />
que as suas crueldades fiquem ignoradas, é o suficiente para que se conserve a<br />
consciência tranquila. São, no dizer de Jesus: ―sepulcros branqueados por fora, mas<br />
por dentro, cheios de podridão; vasos limpos no exterior e sujos no interior‖.<br />
No sentido evangélico, a acepção da palavra escândalo, tantas vezes<br />
empregada, é muito mais geral, pelo que, em certos casos, não se apreende o seu<br />
significado. Já não é somente o que afeta a consciência dos outros, é tudo o que<br />
resulta dos vícios e das imperfeições humanas, toda reação má de um indivíduo para<br />
outro, com ou sem repercussão. O escândalo, neste caso, é o resultado efetivo do<br />
mal moral.<br />
13. É preciso que tenha escândalo no mundo, disse Jesus, porque, imperfeitos como<br />
são na Terra, os homens se mostram propensos a praticar o mal, e porque, árvores<br />
más, só dão maus frutos. Deve-se, pois, entender por essas palavras que o mal é uma<br />
consequência da imperfeição dos homens e não que haja, para estes, a obrigação de<br />
praticá-lo.<br />
14. É necessário que o escândalo venha, porque, estando em expiação na Terra, os<br />
homens se punem a si mesmos pelo contato de seus vícios, cujas primeiras vítimas<br />
são eles próprios e cujos inconvenientes acabam por compreender. Quando<br />
estiverem cansados de sofrer devido ao mal, procurarão remédio no bem. A reação<br />
desses vícios serve, pois, ao mesmo tempo, de castigo para uns e de provas para<br />
outros. É assim que do mal Deus tira o bem e que os próprios homens utilizam as<br />
coisas más ou desprezíveis.<br />
15. Sendo assim, dirão que o mal é necessário e durará sempre, pois, se<br />
desaparecesse, Deus se veria sem um poderoso meio de corrigir os culpados. Logo, é<br />
inútil cuidar de melhorar os homens. Entretanto, deixando de haver culpados,<br />
também se tornariam desnecessário quaisquer castigos. Suponhamos que a<br />
Humanidade se transforme e passe a ser constituída de homens de bem: nenhum<br />
pensará em fazer mal ao seu próximo e todos serão ditosos por serem bons. Tal a<br />
condição dos mundos elevados, de onde o mal já foi banido; tal virá a ser a da Terra,<br />
quando houver progredido bastante. Mas, ao mesmo tempo em que alguns mundos<br />
se adiantam, outros se formam, povoados de Espíritos primitivos e que, além disso,<br />
servem de habitação, de exílio e de estância expiatória a Espíritos imperfeitos,<br />
rebeldes, teimosos no mal, expulsos de mundos que se tornaram felizes.