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o ensino diferenciado na escola indígena “tengatuí ... - UCDB

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assim... eu pego um tição, qualquer coisa, eu queimo papel... e... olha, ele... parece<br />

que é uma coisa, assim, bem interessante... quando você faz assim, ele... assim... faz<br />

aquele barulho bem forte mesmo e ele vai embora 19 .<br />

Práticas como a descrita não são questio<strong>na</strong>das, no sentido do que as justifica, mas<br />

perduram e se legitimam pela crença repassada de geração a geração. “Se os mitos orientam e<br />

dão sentido à vida cotidia<strong>na</strong>, é porque são um produto, mas também um instrumento de<br />

reflexão, que passa de geração à geração através da memória oral” (VIETTA, 2002, p.157).<br />

As crenças que se traduzem no aspecto místico que caracteriza o Guarani-Kaiowá,<br />

ao mesmo tempo, provocam juízos equivocados com relação à sua capacidade intelectual,<br />

como aponta Vietta (2002, p.155) ao afirmar que “[...] do ponto de vista intelectual, os índios<br />

foram apontados como incapazes de construir um pensamento lógico e pleno de sentido, o<br />

qual, <strong>na</strong> melhor das hipóteses, seria um prenúncio da ciência moder<strong>na</strong>, outro indicativo que os<br />

distancia do universo da cultura [...]”.<br />

Para os povos indíge<strong>na</strong>s, as relações místicas são parte de seu universo e<br />

[...] Dessa forma, os mitos, a noção de cosmos e todas as formas de conhecimento<br />

elaborados por estas sociedades expressam a sua percepção e consistem <strong>na</strong>s suas<br />

teorias sobre o mundo. De maneira coerente e clara definem o lugar do indivíduo:<br />

vivos e mortos, afins e inimigos; do lugar do sobre<strong>na</strong>tural: divindades, mundos<br />

superiores e inferiores, espíritos com forças positivas e negativas; da <strong>na</strong>tureza:<br />

criação e preservação dos recursos disponíveis e das suas formas de apropriação, o<br />

lugar da não-cultura, em oposição à sociedade, etc. Portanto explicitam a interrelação<br />

entre os universos social, <strong>na</strong>tural e sobre<strong>na</strong>tural, ou seja, a ordem do mundo,<br />

ao mesmo tempo que definem o papel a ser desempenhado por cada indivíduo e pela<br />

sociedade como um todo, para garantir esta ordem. (VIETTA, 2002, p. 156-7)<br />

Essa relação mística, para além do relacio<strong>na</strong>mento respeitoso com a <strong>na</strong>tureza,<br />

pode ser observada também com relação ao nome atribuído à pessoa. O nome, para o guarani,<br />

19 Aguilera de Souza. Indíge<strong>na</strong> da etnia Guarani-Nhandeva, residente <strong>na</strong> RID. Graduado em Pedagogia pelo<br />

Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN e especialista em Metodologia do Ensino Superior,<br />

também pela UNIGRAN. É professor no <strong>ensino</strong> <strong>diferenciado</strong> <strong>na</strong> Escola Tengatuí Marangatú – Extensão<br />

Francisco Hibiapi<strong>na</strong>, desde 2002. Atualmente, atua também como professor da língua indíge<strong>na</strong> guarani no<br />

Ensino Médio Intercultural Guateka Marçal de Souza, <strong>escola</strong> criada em 2005, <strong>na</strong> RID e, a partir de 2007, como<br />

professor no curso de Pedagogia da UNIGRAN.<br />

Fonte gravada em formato mp3, <strong>na</strong> Escola Francisco Hibiapi<strong>na</strong>, em 04/06/2007.<br />

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