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o ensino diferenciado na escola indígena “tengatuí ... - UCDB

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Pode-se perceber, embora o discurso traduza objetivos e metas para a comunidade<br />

toda, independente da etnia, uma espécie de condescendência, ou um misto de<br />

condescendência e crítica a posicio<strong>na</strong>mentos manifestos e, até mesmo, limitações, concebidas<br />

como limitações de competência em relação aos seus pares. Ou seja, alguns membros<br />

assumem a responsabilidade de luta, quando essa pressupõe o estabelecimento de parcerias,<br />

de buscas por espaços, por conquistas e pela busca permanente destas conquistas, tendo como<br />

meta benefícios que se estenderão a todos, porque são considerados mais “letrados” e/ou mais<br />

ousados e, portanto, têm mais condições de assumir certos enfrentamentos o que incorrerá,<br />

acredita-se, em benefícios coletivos como,<br />

Algo realizado ao longo de uma história coletiva e única, por e entre sujeitos<br />

individuais concretos. Mas sujeitos revestidos da condição de atores sociais, cujo<br />

trabalho simbólico se faz de acordo com saberes, valores e normas realizados como<br />

cultura e através dos quais a ação individual é possível e significativa. (BRANDÃO,<br />

1986, p. 150. Grifos do autor)<br />

Embora tais atitudes pareçam simples de serem compreendidas, não o são. São<br />

atitudes que carregam incontáveis elementos, constitutivos das fronteiras étnicas, nunca<br />

negadas ou despercebidas, mas permeadas por outros valores que, de certa forma,<br />

caracterizam outras fronteiras.<br />

Contudo, não perdem de vista suas diferenças e as implicações destas, uma vez<br />

que dividem o mesmo espaço, considerando que, “Se um grupo mantém sua identidade<br />

quando seus membros interagem com outros, disso decorre a existência de critérios para<br />

determi<strong>na</strong>ção do pertencimento, assim como as maneiras de assi<strong>na</strong>lar este pertencimento ou<br />

exclusão” (BARTH, 2000, p.34). São povos que vivem, pode-se afirmar, uma experiência<br />

cultural diversa da que coletivamente índios vizinhos vivem e diversa das que vivem os não-<br />

índios que os cercam.<br />

É assim que os índios de Dourados, convivendo por tanto tempo em proximidade<br />

significativa com a sociedade não-índia, acabaram por adquirir algumas semelhanças com<br />

esta. Os traços culturais que carregam, assim como os dos demais povos, não podem ser<br />

excluídos por mera opção numa situação de contato, e não significam, numa outra vertente,<br />

que haja perda de cultura, sobretudo com relação aos indíge<strong>na</strong>s, <strong>na</strong> medida em que se observa<br />

um esforço manifesto para a manutenção da fronteira que garantirá a unidade do grupo, o que<br />

permite inferir que diferentes grupos étnicos, convivendo num mesmo espaço, podem<br />

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