o ensino diferenciado na escola indígena “tengatuí ... - UCDB
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“[...] que a identificação ou a diferenciação entre os vários modos de vida social dependem<br />
sempre da situação” (TASSINARI, 1998, p. 447).<br />
Considerando a etnicidade como uma construção social, como um conceito que<br />
não pode ser considerado isoladamente e que envolve outras esferas que vão além do espaço<br />
organizacio<strong>na</strong>l das populações indíge<strong>na</strong>s, que se insere como categoria objetiva de auto-<br />
reconhecimento das diferenças trago, aqui, a seguinte definição:<br />
[...] etnicidade é uma construção social no tempo, um processo que implica uma<br />
relação estreita entre a reivindicação cultural e a reivindicação política e que tem<br />
como referencial último não ape<strong>na</strong>s „os outros‟, mas também o Estado/Nação no<br />
qual o grupo étnico (portador de tal reinvindicação) está inserido (RAMIREZ, apud<br />
BRANDÃO, 1986, p. 149)<br />
E considerando os povos indíge<strong>na</strong>s, sujeitos deste estudo, há que se partir do<br />
princípio de que, entre eles, há também diferenças significativas, de acordo com o grupo ao<br />
qual pertencem, o local em que vivem e as relações com o entorno. Comparados com a<br />
sociedade não-índia, as semelhanças entre esses mesmos grupos tomam outra proporção, e<br />
isso se dá pelo hábito do não-índio, pautado <strong>na</strong> falta de informações que gera, a seu tempo,<br />
uma visão homogeneizada que generaliza e estereotipa esses povos atribuindo-lhes<br />
características únicas, sem a preocupação de estabelecer um paralelo que os colocaria, à<br />
exemplo da visão corrente em relação a outros povos, componentes de grupos sociais<br />
possuidores de características próprias. Contudo, não somos capazes, mesmo que por vezes<br />
involuntariamente, de os perceber como possuidores de traços, como aponta Tassi<strong>na</strong>ri,<br />
[...] semelhantes aquelas características que são comuns à espécie huma<strong>na</strong>: todos nós<br />
atribuímos significado ao mundo e às nossas ações, todos nós vivemos em<br />
sociedades e estabelecemos maneiras de relacio<strong>na</strong>mento entre as pessoas, todos nós<br />
elaboramos formas de contar o tempo e de explicar o devir histórico [...]<br />
(TASSINARI, 1998, p. 447).<br />
À parte, podemos estabelecer uma discussão sobre o que a literatura<br />
(especialmente a disponibilizada, por um longo tempo, no espaço <strong>escola</strong>r) informa sobre os<br />
índios e a realidade dos índios de Dourados, que vivem num espaço que não lhes permite<br />
apresentar semelhanças com o que se costuma, comumente, ver registrado por grande parte da<br />
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