Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados
Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados
Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
192<br />
<strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> <strong>reologia</strong> <strong>de</strong> polissacarí<strong>de</strong>os <strong>utilizados</strong> na indústria <strong>de</strong> alimentos Toneli et al.<br />
Polissacarí<strong>de</strong>os <strong>de</strong> algas vermelhas<br />
(Rhodophyceae)<br />
As algas vermelhas são fonte <strong>de</strong> muitos<br />
polissacarí<strong>de</strong>os industriais, como as gomas<br />
carragenana e agar, que são todos polímeros <strong>de</strong><br />
galactose e seus <strong>de</strong>rivativos e apresentam uma<br />
estrutura básica comum. Esses polímeros <strong>de</strong><br />
carboidratos são, essencialmente, ca<strong>de</strong>ias<br />
lineares nas quais as galactoses estão liga<strong>da</strong>s<br />
,alterna<strong>da</strong>mente, através <strong>de</strong> ligações α-1,3 e β-<br />
1,4.<br />
As carragenanas são <strong>da</strong> família <strong>de</strong><br />
polissacarí<strong>de</strong>os sulfatados lineares que po<strong>de</strong>m<br />
ser extraídos como componentes <strong>da</strong> matriz <strong>de</strong><br />
algas marinhas vermelhas. A sua estrutura<br />
química é basea<strong>da</strong> na repetição <strong>de</strong> uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> dissacarí<strong>de</strong>o do tipo AB, <strong>de</strong> modo que elas<br />
po<strong>de</strong>m ser escritas, <strong>de</strong> maneira geral, como<br />
(AB)n, on<strong>de</strong> A é <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
ligações 1,3 <strong>de</strong> β-D-galactose e B , geralmente,<br />
mas não invariavelmente, está presente através<br />
<strong>de</strong> ligações 1,4 <strong>de</strong> 3,6-anidro-α-D-galactose<br />
(Lapasin & Pricl, 1999).<br />
As carragenanas são bem caracteriza<strong>da</strong>s<br />
em termos <strong>de</strong> sua estrutura química e po<strong>de</strong>m ser<br />
classifica<strong>da</strong>s em μ, κ, ν, ι, λ, θ e ξcarragenanas.<br />
Dentre os vários tipos existentes,<br />
somente três são comercialmente importantes:<br />
κ, ι e λ,-carragenanas. Elas são polímeros<br />
versáteis como aditivos em alimentos, sendo<br />
capazes <strong>de</strong> se ligar à água, promovendo a<br />
formação <strong>de</strong> géis e atuando como agente<br />
espessantes e estabilizantes. Vantagens<br />
adicionais estão na sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> melhorar<br />
a palatabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e a aparência. De acordo com<br />
Piculell (1995), o uso <strong>da</strong>s carragenanas na<br />
indústria alimentícia inclui uma gran<strong>de</strong><br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sobremesas lácteas (sorvetes,<br />
achocolatados, flans, géis <strong>de</strong> leite) e conservas<br />
<strong>de</strong> carne, incluindo pet foods. Além disso, a sua<br />
habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> permanecer em solução permite<br />
seu uso em molhos para sala<strong>da</strong>.<br />
O termo coletivo agar refere-se a uma<br />
complexa mistura <strong>de</strong> componentes<br />
polissacarí<strong>de</strong>os que po<strong>de</strong>m ser extraídos <strong>de</strong><br />
certas espécies <strong>de</strong> algas-marinhas. De acordo<br />
com Lapasin & Pricl (1999), a agar é composta<br />
<strong>de</strong> duas frações principais: agarose, um<br />
polissacarí<strong>de</strong>o neutro, e agaropectina, um<br />
polissacarí<strong>de</strong>o sulfatado. A porcentagem <strong>de</strong><br />
agarose, que é a fração, comercialmente,<br />
importante, geralmente. varia <strong>de</strong> 50 a 90%.<br />
A funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> do agar em produtos<br />
alimentícios <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> quase, exclusivamente, <strong>da</strong><br />
sua habili<strong>da</strong><strong>de</strong> em ligar-se à água e formar géis<br />
termosensíveis. As proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s gelificantes<br />
são funções <strong>da</strong> fração <strong>de</strong> agarose. Os elevados<br />
pontos <strong>de</strong> fusão dos géis <strong>de</strong> agar os tornam<br />
apropriados para uso em massas <strong>de</strong> panificação,<br />
on<strong>de</strong> a agar é superior à carragenana . A sua<br />
principal utilização é para o congelamento <strong>de</strong><br />
massas doces e bolos, para evitar problemas na<br />
manutenção <strong>da</strong> integri<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto<br />
congelado durante o empacotamento e a<br />
distribuição (Stanley, 1995).<br />
Alginatos<br />
Alginatos são polissacarí<strong>de</strong>os estruturais<br />
que ocorrem, naturalmente, nas algas marinhas<br />
marrons (Phaeophyceae) que crescem nas<br />
águas rasas <strong>da</strong>s zonas tempera<strong>da</strong>s e em<br />
bactérias do solo. Existem muitas espécies <strong>de</strong><br />
algas marrons, mas, apenas, algumas são,<br />
suficientemente, abun<strong>da</strong>ntes e,<br />
convenientemente, localiza<strong>da</strong>s para a produção<br />
<strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> valor comercial, os alginatos<br />
(Moe et al., 1995; Lapasin & Pricl, 1999).<br />
Assim como ocorre com as<br />
carragenanas, alginatos é um termo coletivo<br />
para ácido algínico, seus sais e <strong>de</strong>rivados.<br />
Ácido algínico é co-polissacarí<strong>de</strong>o <strong>de</strong> alto peso<br />
molecular composto <strong>de</strong> duas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
monoméricas <strong>de</strong> ácido β-D-manurônico e α-Lgulurônico,<br />
em várias proporções, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />
<strong>da</strong> espécie <strong>de</strong> alga (Lapasin & Pricl, 1999).<br />
De acordo com Moe et al. (1995), os<br />
alginatos não têm valor nutricional e são<br />
<strong>utilizados</strong> como aditivos para melhorar,<br />
modificar e estabilizar a textura <strong>de</strong> certos<br />
alimentos. Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s importantes incluem a<br />
melhora <strong>da</strong> viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> formação<br />
<strong>de</strong> gel e estabilização <strong>de</strong> misturas aqüosas,<br />
dispersões e emulsões. Algumas <strong>de</strong>ssas<br />
proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s são provenientes <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
físicas inerentes dos alginatos, mas elas também<br />
po<strong>de</strong>m ser resultado <strong>da</strong> interação com outros<br />
componentes do alimento, tais como proteínas,<br />
gorduras ou fibras.<br />
Polissacarí<strong>de</strong>os microbianos<br />
Nos últimos anos, muitos polissacarí<strong>de</strong>os<br />
<strong>de</strong> interesse científico e comercial passaram a<br />
ser obtidos através <strong>de</strong> fermentações<br />
microbianas. Microorganismos como fungos e<br />
bactérias produzem três tipos diferentes <strong>de</strong><br />
polímeros <strong>de</strong> carboidratos (Morris, 1995):<br />
Revista Brasileira <strong>de</strong> Produtos Agroindustriais, Campina Gran<strong>de</strong>, Especial, v.7, n.2, p.181-204, 2005