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Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados

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<strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> <strong>reologia</strong> <strong>de</strong> polissacarí<strong>de</strong>os <strong>utilizados</strong> na indústria <strong>de</strong> alimentos Toneli et al.<br />

INTRODUÇÃO À REOLOGIA<br />

Eugene C. Bingham foi o primeiro a<br />

utilizar a palavra <strong>reologia</strong> ao <strong>de</strong>finir que “tudo<br />

escoa” (Steffe, 1996). Hoje, a Reologia po<strong>de</strong> ser<br />

vista como a ciência <strong>da</strong> <strong>de</strong>formação e do<br />

escoamento <strong>da</strong> matéria, ou seja, é o estudo <strong>da</strong><br />

maneira, segundo a qual os materiais<br />

respon<strong>de</strong>m à aplicação <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong><br />

tensão ou <strong>de</strong>formação.<br />

Todos os materiais possuem proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

reológicas, <strong>de</strong> modo que a <strong>reologia</strong> é uma<br />

ciência que po<strong>de</strong> ser aplica<strong>da</strong> em diversas áreas<br />

<strong>de</strong> estudo. O estudo <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s reológicas<br />

dos alimentos, segundo Rao (1977, 1986), é<br />

essencial para várias aplicações que incluem<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os projetos e avaliação <strong>de</strong> processos até o<br />

controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, a correlação com a<br />

avaliação sensorial e a compreensão <strong>da</strong><br />

estrutura <strong>de</strong> materiais.<br />

Steffe (1996) sugere que a <strong>reologia</strong> é a<br />

ciência dos materiais em alimentos. De acordo<br />

com o autor, po<strong>de</strong>m-se <strong>de</strong>stacar diversas áreas<br />

na indústria <strong>de</strong> alimentos nas quais o<br />

conhecimento dos <strong>da</strong>dos reológicos é essencial:<br />

a) Cálculos em engenharia <strong>de</strong> processos,<br />

envolvendo gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

equipamentos, tais como bombas,<br />

tubulações, extrusores, misturadores,<br />

trocadores <strong>de</strong> calor, <strong>de</strong>ntre outros;<br />

b) Determinação <strong>da</strong> funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ingredientes no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

produtos;<br />

c) Controle intermediário ou final <strong>da</strong><br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos;<br />

d) Testes <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> prateleira;<br />

e) Avaliação <strong>da</strong> textura <strong>de</strong> alimentos e<br />

correlação com testes sensoriais;<br />

f) Análise <strong>de</strong> equações reológicas <strong>de</strong> estado<br />

ou <strong>de</strong> equações constitutivas.<br />

A Reologia Clássica começa com a<br />

consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> dois materiais i<strong>de</strong>ais: o sólido<br />

elástico e o líquido viscoso. O sólido elástico é<br />

um material com forma <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> que, quando<br />

<strong>de</strong>formado por uma força externa <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

certos limites, irá retornar à sua forma e<br />

dimensões originais, após a remoção <strong>de</strong>ssa<br />

força. O líquido viscoso não tem forma <strong>de</strong>fini<strong>da</strong><br />

e irá escoar, irreversivelmente, com a aplicação<br />

<strong>de</strong> uma força externa (Stanley, et al., 1996).<br />

Na <strong>reologia</strong> <strong>de</strong> sólidos, a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> maior interesse é a elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> ao passo que,<br />

em líquidos, a viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> é a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> mais<br />

importante. A viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um material po<strong>de</strong><br />

ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> física dos<br />

fluidos que caracterizam a sua resistência ao<br />

escoamento (park & leite, 2001).<br />

Reologia dos sólidos<br />

Quando uma força é aplica<strong>da</strong> a um<br />

material sólido e a curva resultante <strong>de</strong> tensão<br />

versus <strong>de</strong>formação é uma linha reta, passando<br />

pela origem, diz-se que o sólido é i<strong>de</strong>al ou<br />

hookeano. Materiais hookeanos não escoam e<br />

são linearmente elásticos. A tensão permanece<br />

constante até que a <strong>de</strong>formação seja removi<strong>da</strong> e,<br />

uma vez que isso ocorra, o material retorna à<br />

sua forma original. A Lei <strong>de</strong> Hooke po<strong>de</strong> ser<br />

utiliza<strong>da</strong> para <strong>de</strong>screver o comportamento <strong>de</strong><br />

muitos sólidos, quando submetidos a pequenas<br />

<strong>de</strong>formações, tipicamente, inferiores a 1%.<br />

Gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>formações, normalmente, produzem<br />

a ruptura do material ou um comportamento<br />

não-linear.<br />

O comportamento <strong>de</strong> um sólido<br />

hookeano po<strong>de</strong> ser investigado, através <strong>de</strong><br />

ensaios <strong>de</strong> compressão uniaxial <strong>de</strong> uma amostra<br />

cilíndrica. Se o material é comprimido <strong>de</strong> uma<br />

forma tal que ele experimente uma mu<strong>da</strong>nça no<br />

comprimento inicial (ho) e no diâmetro (do), a<br />

tensão (σ) e a <strong>de</strong>formação (εc) normais po<strong>de</strong>m<br />

ser calcula<strong>da</strong>s segundo a Equação (1) (Steefe,<br />

1996).<br />

F F<br />

σ = = ;<br />

2<br />

A πd<br />

o<br />

4<br />

ε =<br />

Revista Brasileira <strong>de</strong> Produtos Agroindustriais, Campina Gran<strong>de</strong>, Especial, v.7, n.2, p.181-204, 2005<br />

C<br />

δh<br />

h<br />

o<br />

(1)<br />

on<strong>de</strong>:<br />

F = força <strong>de</strong> compressão uniaxial [N]; A = área<br />

<strong>de</strong> contato inicial [m 2 ];<br />

δh = variação na altura <strong>da</strong> amostra [m]<br />

Essas informações po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>s<br />

para a <strong>de</strong>terminação do módulo <strong>de</strong> Young (E),<br />

<strong>de</strong> acordo com a Equação (2), ou,<br />

analogamente, do módulo cisalhante (G),<br />

quando a tensão aplica<strong>da</strong> for <strong>de</strong> cisalhamento.<br />

σ<br />

E<br />

ε<br />

= (2)<br />

c<br />

De acordo com Steefe (1996), quando<br />

gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>formações são aplica<strong>da</strong>s, a<br />

<strong>de</strong>formação <strong>de</strong> Hencky (εH) <strong>de</strong>ve ser utiliza<strong>da</strong>

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