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Copyfight: Pirataria & Cultura Livre - Monoskop

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do sujeito começam a fazer sua aparição – em exata correspondência<br />

com os primeiros e maiores episódios da centralização industrial e metropolitana<br />

da exploração da força de trabalho.<br />

O período do impressionismo, por outro lado, entre 1871 e 1914,<br />

corresponde a um período em que o capital foi aprofundando a divisão<br />

e especialização do trabalho, enquanto que do lado dos trabalhadores<br />

vemos o desenvolvimento de um projeto subversivo de autogestão da<br />

produção. Este é o primeiro grande momento da “sobredeterminação<br />

emancipatória” das condições de acumulação da produção capitalista,<br />

um momento em que o trabalhador qualificado é o protagonista.<br />

Os trabalhadores chegam à conclusão de que o mundo capitalista, que<br />

representa seu inimigo, poderia ser dissolvido – e, possivelmente, reconstruído<br />

em outras bases – se eles pudessem simplesmente agarrar<br />

a chave da produção, reapropriando-se disto. Agora, essa dissolução<br />

e reconstrução do mundo tem ecos poderosos em como o mundo da<br />

arte estava começando a funcionar nesses mesmos anos. A criação<br />

repousa na dissolução: este poderia ser o slogan da primeira fase de<br />

transformação artística da história do presente.<br />

Isto nos leva à Revolução de Outubro. Em todo o mundo, o pensamento<br />

revolucionário e as ações subversivas foram se espalhando<br />

como um incêndio. A fim de responder a este desafio, o capitalismo foi<br />

obrigado a impor uma massificação ainda maior aos proletários, que<br />

representavam a base da produção; para estabelecer novas normas ao<br />

consumo da classe trabalhadora (através do sistema de bem-estar social);<br />

para forçar o nível de abstração ao máximo; e para introduzir uma<br />

concepção “científica” na organização do trabalho. E foi justamente<br />

nesse momento que a “forma abstrata” também se impôs na produção<br />

artística. Essa abstração é, simultaneamente, uma representação<br />

da abstração do trabalho e – paradoxalmente a partir do ponto de vista<br />

do trabalhador – o próprio material para uma imaginação alternativa.<br />

Na verdade, o que é o socialismo, senão um projeto para organizar a<br />

abstração do trabalho de forma autônoma?<br />

Entre 1917 e 1929, desde o assalto ao Palácio de Inverno até a Grande<br />

Depressão, essa abstração que veio ocupar o coração da produção<br />

artística é “expressionista”, o que significa contestar heroicamente as<br />

reais e presentes determinações da exploração. Em outras palavras,<br />

isto antecipa violentamente a abstração do trabalho – uma abstração<br />

que absorve, apropria e força ao limite, a fim de derrubá-lo. Portanto,<br />

agora temos a abstração atravessando a arte figurativa, destruindo-a<br />

e reconstruindo-a, e a produção artística vive uma verdadeira paixão<br />

revolucionária, qual seja, o desejo de uma estética construtiva, formulada<br />

em termos poderosamente épicos.<br />

Na sequência disto, uma vez que é cooptada pelo mercado e pela<br />

circulação de mercadorias, a abstração vai assumir formas cada vez<br />

mais analíticas, ainda que abstratas, é claro, porém cada vez mais eva-<br />

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