Copyfight: Pirataria & Cultura Livre - Monoskop
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liações de um escritório de análise financeira, o peso do imaterial nos<br />
balanços das 120 mais importantes corporações europeias chegava, em<br />
2004, a 71%. Desses, 21% correspondentes à consolidação dos ativos intangíveis<br />
(marcas, patentes, quotas de mercado) e 50% ao goodwill, ou<br />
seja a parte do “valor” dos ativos (da empresa), que não encontra lastro<br />
em nenhum tipo de capital, seja ele material ou imaterial! (Rebiscoul,<br />
2006). Rullani atribui essa situação a um paradoxo (nós poderíamos falar<br />
– mais marxianamente − de uma “contradição estrutural”) entre o<br />
fato que o conhecimento se torna o cerne da fábrica do imaterial e o fato<br />
que essa fábrica se desmaterializa e perde suas dinâmica de valorização.<br />
A contradição que faz explodir a métrica diz respeito a uma contagem<br />
(contabilidade) de empresa (executada pela firma e dentro de seu perímetro)<br />
e uma valorização difusa nas redes sociais e seus territórios.<br />
Para Maurizio Lazzarato (2006), passamos de um “modo de produção”<br />
a uma “produção de mundos”, de significações. Nessa perspectiva,<br />
o capitalismo cognitivo diz respeito a uma relação direta entre<br />
valor monetário e o valor como significação ética e social mais ampla.<br />
Mas também nos remete àquele modelo antropogenético, onde a produção<br />
de conhecimento por meio do conhecimento aparece como<br />
produção do homem por meio do homem, quer dizer, de formas de<br />
vida por meio de formas de vida.<br />
Na economia do conhecimento, as mercadorias são produzidas<br />
pelo uso do conhecimento como fator primário. O conhecimento é<br />
usado nos processos de produção como fator autônomo e incorporado<br />
às pessoas, objetos e serviços que contribuem ao resultado produtivo.<br />
Ao mesmo tempo, o conhecimento usado para produzir mercadorias<br />
é também uma mercadoria, ou seja, um produto que pode ser comprado<br />
e vendido no mercado, da mesma maneira que todas as outras<br />
mercadorias. O conhecimento se torna o principal fator produtivo,<br />
mas também o principal produto. Trata-se de um processo circular,<br />
no qual o output (o novo conhecimento conseguido do processo em<br />
andamento) deve voltar a gerar suas próprias premissas, reconstruindo<br />
as condições de um novo início do ciclo produtivo. Mas o novo conhecimento<br />
não apenas deve reproduzir o seu input (o conhecimento<br />
anterior). Deve inovar, adaptar, desenvolver o conhecimento anterior<br />
para manter ativas as condições que justificam sua propagação e seu<br />
novo uso em contextos que são sempre diferentes. Isso porque o fator<br />
produtivo (conhecimento) não foi consumido pelo uso, como acontece<br />
na produção de mercadorias por meio de mercadorias, onde o output<br />
deve repor o input que foi destruído na sua produção.<br />
Sem uma nova métrica, teremos a impressão paradoxal que a propagação<br />
da inovação (tida como know how, patentes e segredos industriais)<br />
acaba determinando seu duplo desaparecimento. Por um lado,<br />
porque se procura mensurá-la onde ela não está. Por outro, a própria<br />
operação de mensuração (patentes e segredos industriais) destrói os<br />
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