Copyfight: Pirataria & Cultura Livre - Monoskop
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as quatro dImensões do capItalIsmo cognItIvo<br />
A revolução digital tornou a reprodução de objetos imateriais mais<br />
fácil, mais rápida, onipresente e quase de graça. Mas, como o economista<br />
italiano, Enzo Rullani, aponta, dentro do capitalismo cognitivo,<br />
“a lógica proprietária não desaparece, mas tem que se subordinar à lei<br />
de difusão.” [CORSANI; RULLANI, 2000] Propriedade intelectual (dessa<br />
forma o rentismo) não é mais baseada no espaço e objetos, mas em<br />
tempo e velocidade. Além dos direitos autorais existem muitos outros<br />
modos de rentismo. Em seu livro Economia della conoscenza, Rullani<br />
escreve que os produtos cognitivos que são fáceis de reproduzir tem<br />
que começar um processo de difusão o mais rápido possível a fim de<br />
manter o controle sobre eles. Como uma tendência entrópica afeta<br />
qualquer produto cognitivo, não é recomendável investir em uma forma<br />
estática de rentismo baseado na propriedade. Mais especificamente,<br />
há uma rentismo produzido na multiplicação dos usos e um rentismo<br />
produzido sobre o monopólio de um segredo. Duas estratégias<br />
opostas: a primeira é recomendada para os produtos culturais como<br />
música, a segunda para as patentes. Rullani é inclinado a sugerir que a<br />
multiplicação livre é uma estratégia vital dentro do capitalismo cognitivo,<br />
já que valor do conhecimento é frágil e tende a declinar. Commodities<br />
imateriais (que povoam qualquer espaço espetacular, simbólico,<br />
afetivo, cognitivo) parecem sofrer de uma forte entropia de significado.<br />
No final da curva de difusão um destino banal está esperando para<br />
qualquer meme, especialmente no mercado emocional atual que constantemente<br />
tenta vender experiências únicas e exclusivas.<br />
Para Rullani o valor de um conhecimento (extensivo a qualquer<br />
produto cognitivo, obra de arte, marca, informação) é dado pela<br />
composição de três direções: o valor de sua performance e aplicação<br />
(v); o número de suas multiplicações e réplicas (n); a taxa de partilha<br />
do valor entre as pessoas envolvidas no processo (p). O conhecimento<br />
é bem sucedido quando se torna autopropulsivo e impulsiona todos<br />
as três direções: 1) maximizando o valor, 2) multiplicando-se de<br />
forma eficaz, 3) partilhando o valor que é produzido. É claro que em<br />
um cenário dinâmico um compromisso entre as três forças é necessária,<br />
já que são alternativas e competitivas entre si. Se uma direção<br />
melhora, as outras pioram. O modelo de Rullani é fascinantemente,<br />
precisamente porque a propriedade intelectual já não tem um papel<br />
central na extração de mais-valor. Em outras palavras, o rentismo é<br />
aplicado estrategicamente e de forma dinâmica ao longo das três direções,<br />
juntamente a diferentes regimes de propriedade intelectual.<br />
O conhecimento é, portanto, projetado em um ciberespaço menos<br />
fictício, uma espécie de paisagem invisível onde a concorrência cognitiva<br />
deve ser descrita ao longo de novas coordenadas do espaçotempo<br />
10 . Rullani descreve seu modelo como 3D, mas na verdade é<br />
:(){ <strong>Copyfight</strong> :|: <strong>Pirataria</strong> & <strong>Cultura</strong> <strong>Livre</strong> };: 62<br />
10. Veja também a<br />
noção de compressão<br />
tempo-espaço em:<br />
David Harvey, The<br />
Condition of Postmodernity,<br />
Oxford: Basil<br />
Blackwell, 1989.